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São Paulo, terça-feira, 04 de novembro de 2003

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CASO CC5

Acusados seriam proprietários de fachada de empresa pertencente a Alberto Youssef, preso anteontem no Paraná

Juiz manda prender dois sócios de doleiro

MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O doleiro Alberto Youssef não foi o único a ter a prisão preventiva decretada pela Justiça Federal na ação por sonegação fiscal, evasão de divisas e formação de quadrilha. O juiz Sérgio Moro, da vara especializada em lavagem de dinheiro do Paraná, também mandou prender Eroni Miguel Peres e Paulo César Stinghen, dois supostos sócios de Youssef, que estão foragidos.
Peres é cunhado do doleiro e, com Stinghen, seria o dono de fachada da Proserv Assessoria Empresarial Ltda. Os procuradores da República que integram a força-tarefa que apura as fraudes de evasão de divisas por intermédio de contas CC5 (de não-residentes no Brasil) acreditam que a Proserv, que tem sede em Londrina, também pertença a Youssef.
O doleiro será interrogado amanhã pelo juiz Moro. Ele foi preso anteontem em Londrina e transferido a Curitiba na noite do mesmo dia, pela Polícia Federal. Desde então, ele divide uma cela de 16 m2 com mais seis detentos na sede da Superintendência da PF.
Segundo o procurador Vladimir Barros Aras, a força-tarefa pediu ainda a prisão de Cristina Fernandes da Silva, cunhada do doleiro, mas o juiz não aceitou.
A Polícia Federal diz ter obtido provas de que, de 1996 a 1999, foram remetidos R$ 3,3 milhões para uma conta em nome de Cristina no Banestado de Nova York. A conta também seria de Youssef.
Essa é a primeira vez que o doleiro é preso a pedido do Ministério Público Federal. Ele já esteve detido antes, acusado pelo Ministério Público Estadual de integrar o esquema de desvio de dinheiro da Prefeitura de Londrina na gestão de Antonio Belinati (sem partido). Também foi denunciado no escândalo de desvios da Prefeitura de Maringá, na gestão de Jairo Gianoto (sem partido), e seria o movimentador de cerca de R$ 40 milhões por créditos tributários que a Copel, estatal de energia do Paraná, trocou de forma suspeita com a empresa Olvepar.
A denúncia de agora é sustentada na acusação de que a Youssef Câmbio e Turismo Ltda., de Londrina, sonegou cerca de R$ 118 milhões (valor atualizado) em impostos e remeteu o dinheiro para o exterior. Os valores reais sonegados pela empresa de 96 a 99 somaram R$ 33,3 milhões.
Segundo o Ministério Público, a Proserv foi criada para desviar a atenção sobre o esquema de sonegação existente na agência de câmbio e turismo e também emitiu reservas para o exterior.
As investigações da PF indicam que Youssef movimentou para terceiros, em remessas para paraísos fiscais, via Banestado de Nova York, US$ 876,8 milhões.

Outro lado
O advogado que representa Youssef em Curitiba, Antonio Augusto Figueiredo Basto, disse que precisa se aprofundar no estudo da denúncia antes de decidir sobre que recurso adotar para tentar livrar seu cliente da prisão.
Basto teria acesso ontem à noite à cópia dos 20 volumes que compreendem a denúncia. A Agência Folha não conseguiu saber quem defende os demais.


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