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Sociedade participa de texto final pela 1ª vez
DA ENVIADA ESPECIAL A MAR DEL PLATA
As organizações não-governamentais (ONGs) consideram a 4ª
Cúpula das Américas um avanço
no que se refere à participação da
sociedade civil. É a primeira vez
que a OEA (Organização dos Estados Americanos) inclui essas
instituições nas reuniões preparatórias do texto final da cúpula. Isso significa que a sociedade poderá ter alguma influência sobre as
promessas que os chefes de Estados dos 33 países farão no sábado,
ao final do encontro.
Representantes de comunidades indígenas, feministas, afrodescendentes, ambientalistas, deficientes e outros grupos participarão da discussão para elaborar
o texto final.
"Não conseguimos incorporar
todos os temas que consideramos
importantes e já foi muito difícil
colocar no textos alguns desses temas, mas já é um avanço porque,
a partir de agora, as cúpulas vão
deixar de ter um viés totalmente
comercial", disse Angeles Pereira,
do Centro de Direitos Humanos e
Ambientais (CEDHA).
Segundo ela, os ambientalistas
conseguiram incluir menção sobre a necessidade de os governos
se comprometerem a utilizar
energias alternativas que não contaminem o ambiente. Fracassaram, porém, na inclusão do compromisso de que todos os países
assinem o Protocolo de Kyoto
-documento que obriga os países a reduzir a emissão de gases
poluentes. Os EUA se negaram a
assiná-lo argumentando que seria
prejudicial à economia.
Os grupos que representam os
150 milhões de afrodescendentes
no continente americano também devem ter menção no texto
final. Pedem que os governos se
comprometam a elaborar políticas públicas que incluam toda a
diversidade racial da região.
Para o representante da Organização das Nações e Povos Indígenas, Victor Capitán, ainda falta
muito para que os povos indígenas do continente sejam incluídos. Haverá, porém, um parágrafo contemplando os índios.
Aborto
As feministas queriam que o
texto defendesse o fim das penas
para as mulheres que praticam
abortos, mas não conseguiram.
"Em aborto nem se fala, mas incluímos algo sobre o tráfico de
mulheres", disse Susana Pastor,
do grupo Feministas em Ação.
O texto também cita a necessidade de desenvolver mecanismos
para criar postos de trabalho para
pessoas portadoras de deficiência.
Silvia Ferreira, do movimento
contra o neoliberalismo "Barrios
de Pie", defende o fim das negociações para a formação da Alca
(Área de Livre Comércio das
Américas) e diz que as cúpulas registram promessas que devem ser
cobradas pela sociedade, além de
"expor o fracasso do atual modelo
neoliberal e do Consenso de Washington".
(CLÁUDIA DIANNI)
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