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VÔO DA ÁGUIA
População de maior poder aquisitivo deixou Mar del Plata; os que ficaram têm medo de atentado e piqueteiros
Comércio teme visita, e elite deixa a cidade
MAELI PRADO
ENVIADA ESPECIAL A MAR DEL PLATA
Sem trabalho há 13 anos, Claudio Cabilla, 33, vive dos 150 pesos
mensais de um dos planos sociais
do governo argentino e não sabe
que a geração de empregos nos
países em desenvolvimento, como a Argentina, é o tema da 4ª
Cúpula das Américas, que acontece a partir de hoje na cidade onde vive, o balneário Mar del Plata
(a 400 km de Buenos Aires).
O que sabe é que tem medo de
um possível atentado na cidade
por conta da presença no encontro do presidente dos Estados
Unidos, George W. Bush, e que,
como boa parte dos argentinos,
não gosta do mandatário americano. "Ele pode até melhorar as
coisas por lá, mas para as pessoas
daqui não faz nada", diz, afirmando estar receoso de um possível
ataque a cidade nos moldes do 11
de Setembro, nos EUA.
As ruas da favela onde mora, a
alguns quarteirões do local onde
ocorre a 3ª Cúpula dos Povos (a
chamada "anticúpula"), estão desertas por causa da Cúpula das
Américas, assim como boa parte
dos outros bairros de Mar del Plata, geralmente lotada de turistas.
Muitos comerciantes fecharam
as portas por causa do encontro,
com receio de um eventual quebra-quebra nas marchas em repúdio à visita do presidente americano e contra a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) que
ocorrerão principalmente hoje.
Alguns colocaram grades ou chapas de ferro nas vitrines para protegê-las dos protestos, assim como bancos americanos e a rede de
lanchonetes McDonald's.
Além disso, parte dos moradores, os de maior poder aquisitivo,
deixou a cidade para escapar do
forte esquema de segurança montado pelo governo argentino -a
estimativa é que são 7.000 homens na cidade.
Quem mora próximo aos hotéis
onde ocorrem as reuniões e onde
fica a sala de imprensa montada
para os cerca de mil jornalistas
precisou se credenciar para sair e
entrar da área.
"Por um lado é bom, já que é como uma semana de férias. Muita
gente viajou para o Brasil por causa da cúpula", conta a dona-de-casa Mabel Martinez, 49.
Os moradores temem o que pode acontecer por causa do encontro, seja um atentado terrorista ou
confusões causadas por protestos,
sensação aumentada pelos policiais vestidos de negro que circulam em motocicletas pelas ruas.
"O medo das pessoas é dos piqueteiros. Por isso é que o comércio colocou as grades", opina o taxista Antonio Fernandez, 58.
"Não tem porque acontecer um
atentado aqui, a Argentina é um
país neutro internacionalmente."
Arsenal
Anteontem, um homem que tinha na sua casa em Mar del Prata
várias armas de fogo sem autorização foi detido pela polícia. Foram achados seis escopetas, várias
carabinas, pistolas e revólveres,
além de 10.000 cartuchos de munição. O preso foi detido sob a
acusação de posse ilegal de armas
de fogo e munição.
Além da marcha principal da
Cúpula dos Povos, que ocorre hoje e deve ter presença do ex-jogador Diego Maradona e do presidente venezuelano, Hugo Chávez,
acontecerá uma manifestação de
piqueteiros mais radicais, que não
são alinhados ao governo argentino. É esse protesto que provoca os
maiores temores de enfrentamento com a polícia.
A marcha principal, com presença prevista pelos organizadores de 70 mil pessoas, é organizada por um deputado kirchnerista,
Miguel Bonasso, o que fez um dos
piqueteiros mais radicais classificá-la de "uma palhaçada" da
chancelaria argentina.
Com agências internacionais
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