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Visita de Bush gera 3 dias de protestos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Movimentos sociais e setores
estudantis, sindicais e da Igreja
Católica estão anunciando uma
série de manifestações em pelo
menos 12 capitais, entre hoje e domingo, contra a visita oficial ao
país do presidente norte-americano, George W. Bush, que desembarca em Brasília amanhã à noite
e retorna aos Estados Unidos no
dia seguinte.
Liderados por UNE (União Nacional dos Estudantes), CUT
(Central Única dos Trabalhadores) e MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), os
movimentos e as entidades terão
como enfoques dos protestos a
política externa dos norte-americanos, exemplificada na guerra do
Iraque, e a tentativa de criação da
Alca (Área de Livre Comércio das
Américas).
Para João Felício, presidente nacional da CUT, os movimentos
brasileiros possuem uma tendência de críticas aos governantes
norte-americanos que remonta à
Guerra Fria. "Ao longo da história
política do Brasil e da América Latina sempre houve uma ingerência muito pesada do governo norte-americano, fruto da Guerra
Fria e de sua política externa, o
que faz com que os movimentos
sociais não gostem dos governantes dos Estados Unidos, ainda
mais se tratando de alguém, como
o Bush, que simboliza a maldade e
a violência", disse Felício.
A passagem de Bush no Brasil se
resumirá a pouco menos de 24
horas em Brasília, por isso os
principais protestos devem se
concentrar na capital federal. Hoje pela manhã, estudantes, sindicalistas, sem-terra e integrantes
da CPT (Comissão Pastoral da
Terra) farão uma caminhada pela
Esplanada dos Ministérios.
Está agendada, para o domingo,
caminhada até a entrada da residência oficial da Granja do Torto,
onde Bush tem encontro com o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Amanhã à noite, quando está
prevista a chegada de Bush, estudantes anunciam fazer barulho na
portaria principal da Base Aérea
de Brasília.
Criatividade
Em todo o país, a CMS (Coordenação dos Movimentos Sociais)
promete manifestações criativas.
Nas capitais, haverá bonecos representando o presidente dos Estados Unidos.
Em Brasília, a idéia é jogar tinta
vermelha nas avenidas pelas quais
passará o comboio da comitiva da
Casa Branca, em referência a sangue e às guerras do Iraque e do
Afeganistão.
Além disso, devido à prolongada tensão das relações entre EUA
e Venezuela, haverá declarações e
faixas de apoio ao presidente Hugo Chávez, que, assim como
Bush, participa entre hoje e amanhã da 4ª Cúpula das Américas,
em Mar del Plata, na Argentina.
Nos atos das capitais, será lançado
um abaixo-assinado pela condenação de Bush por crimes contra
a humanidade.
Além de Brasília, haverá atos e
passeatas em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Florianópolis, Porto Alegre, Palmas, Curitiba, São Luís, Campo Grande,
Salvador e Fortaleza. Na capital
paulista a manifestação será hoje,
na avenida Paulista.
Gustavo Petta, presidente nacional da UNE, vê a visita de Bush
ao Brasil como uma tentativa dos
Estados Unidos para convencer o
governo brasileiro sobre a importância da retomada das negociações para a criação da Alca.
"É preciso deixar claro toda a
indignação dos latino-americanos em relação à essa política sanguinária e assassina do Bush. E a
tentativa de amarrar a América
Latina aos interesses norte-americanos do ponto de vista econômico, social, político, tecnológico
através da implementação da Alca", afirmou o líder estudantil.
(EDUARDO SCOLESE)
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