São Paulo, sexta-feira, 04 de novembro de 2005

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Visita de Bush gera 3 dias de protestos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Movimentos sociais e setores estudantis, sindicais e da Igreja Católica estão anunciando uma série de manifestações em pelo menos 12 capitais, entre hoje e domingo, contra a visita oficial ao país do presidente norte-americano, George W. Bush, que desembarca em Brasília amanhã à noite e retorna aos Estados Unidos no dia seguinte.
Liderados por UNE (União Nacional dos Estudantes), CUT (Central Única dos Trabalhadores) e MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), os movimentos e as entidades terão como enfoques dos protestos a política externa dos norte-americanos, exemplificada na guerra do Iraque, e a tentativa de criação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
Para João Felício, presidente nacional da CUT, os movimentos brasileiros possuem uma tendência de críticas aos governantes norte-americanos que remonta à Guerra Fria. "Ao longo da história política do Brasil e da América Latina sempre houve uma ingerência muito pesada do governo norte-americano, fruto da Guerra Fria e de sua política externa, o que faz com que os movimentos sociais não gostem dos governantes dos Estados Unidos, ainda mais se tratando de alguém, como o Bush, que simboliza a maldade e a violência", disse Felício.
A passagem de Bush no Brasil se resumirá a pouco menos de 24 horas em Brasília, por isso os principais protestos devem se concentrar na capital federal. Hoje pela manhã, estudantes, sindicalistas, sem-terra e integrantes da CPT (Comissão Pastoral da Terra) farão uma caminhada pela Esplanada dos Ministérios.
Está agendada, para o domingo, caminhada até a entrada da residência oficial da Granja do Torto, onde Bush tem encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Amanhã à noite, quando está prevista a chegada de Bush, estudantes anunciam fazer barulho na portaria principal da Base Aérea de Brasília.

Criatividade
Em todo o país, a CMS (Coordenação dos Movimentos Sociais) promete manifestações criativas. Nas capitais, haverá bonecos representando o presidente dos Estados Unidos.
Em Brasília, a idéia é jogar tinta vermelha nas avenidas pelas quais passará o comboio da comitiva da Casa Branca, em referência a sangue e às guerras do Iraque e do Afeganistão.
Além disso, devido à prolongada tensão das relações entre EUA e Venezuela, haverá declarações e faixas de apoio ao presidente Hugo Chávez, que, assim como Bush, participa entre hoje e amanhã da 4ª Cúpula das Américas, em Mar del Plata, na Argentina. Nos atos das capitais, será lançado um abaixo-assinado pela condenação de Bush por crimes contra a humanidade.
Além de Brasília, haverá atos e passeatas em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Florianópolis, Porto Alegre, Palmas, Curitiba, São Luís, Campo Grande, Salvador e Fortaleza. Na capital paulista a manifestação será hoje, na avenida Paulista.
Gustavo Petta, presidente nacional da UNE, vê a visita de Bush ao Brasil como uma tentativa dos Estados Unidos para convencer o governo brasileiro sobre a importância da retomada das negociações para a criação da Alca.
"É preciso deixar claro toda a indignação dos latino-americanos em relação à essa política sanguinária e assassina do Bush. E a tentativa de amarrar a América Latina aos interesses norte-americanos do ponto de vista econômico, social, político, tecnológico através da implementação da Alca", afirmou o líder estudantil. (EDUARDO SCOLESE)


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