São Paulo, sábado, 04 de novembro de 2006

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PF ouvirá suspeita de adquirir celular "frio" para ex-petista

Telefone teria sido usado por Hamilton Lacerda durante a negociação do dossiê

De todos os envolvidos na negociação para comprar o dossiê, Lacerda foi o único que não telefonou para o número de Ana Paula Vieira

Rodrigo Paiva - 29.set.2006/Folha Imagem
Hamilton Lacerda, ex- assessor do senador Aloizio Mercadante


LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A CUIABÁ

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ

A Polícia Federal vai ouvir na semana que vem Ana Paula Cardoso Vieira, suspeita de ter sido usada como "laranja" na aquisição de um celular "frio" que teria sido empregado pelo ex-petista Hamilton Lacerda durante o período de negociação do dossiê contra tucanos.
O delegado que cuida do caso, Diógenes Curado, encaminharia ainda ontem carta precatória à PF de São Paulo para Ana Paula ser ouvida. Segundo dados do sigilo telefônico dos envolvidos com a compra do material contra o PSDB, obtidos pela Folha, o número em nome de Ana Paula foi usado para falar com Jorge Lorenzetti, Expedito Veloso, Oswaldo Bargas e Gedimar Passos -todos integrantes da campanha de Lula.
Somente com Lorenzetti, apontado pela PF como o "articulador" do dossiê contra tucanos, foram trocadas 33 ligações entre meados de agosto e 16 setembro, um dia após Gedimar e Valdebran Padilha terem sido presos, no hotel Íbis, em São Paulo, com R$ 1,75 milhão.
Lorenzetti chegou a falar de sua casa (quatro ligações), em Florianópolis (SC), com o suposto celular "frio" usado por Lacerda. Há também 43 telefonemas trocados entre o número de Ana Paula e ramais do comitê de campanha de Lula.
Segundo a Folha apurou, o delegado Curado está convencido de que o telefone dela era usado por Lacerda. Há diversas ligações feitas pelo número pessoal de Lacerda em horários próximos e a partir das mesmas cidades de onde foram feitas ou recebidas chamadas no telefone de Ana Paula. E, de todos os diretamente envolvidos com o dossiê, o único que não trocou ligações com o número de Ana Paula foi Lacerda.
Ontem, o advogado Ubiratan Cavalcanti, que representa Sirley Chaves e Fernando Ribas, sócios da casa de câmbio Vicatur, entregou à PF petição na qual alegou que seus clientes não teriam como informar para quem venderam os dólares apreendidos na operação.
A PF rastreou que pelo menos US$ 79 mil encontrados com a dupla no hotel Íbis saíram da Vicatur, localizada em Nova Iguaçu (RJ). Segundo o advogado, a casa de câmbio não teria controle do número de série das notas que são vendidas.
Curado ficou decepcionado com a petição, que inclui declarações de bons antecedentes dos sócios da Vicatur. Quando colheu o depoimento dos dois, em outubro, o delegado lhes disse que poderiam usufruir do benefício da delação premiada, desde que concordassem em colaborar. Eles recusaram, mas Curado esperava que voltassem atrás, o que não ocorreu.


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