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Sanguessugas reeleitos gastam R$ 2,3 mi
Cinco acusados na fraude das ambulâncias juntam um terço do arrecadado por 7 mensaleiros, R$ 6,5 mi
LETÍCIA SANDER
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os únicos cinco deputados
envolvidos no escândalo da
máfia das ambulâncias que
conquistaram um novo mandato arrecadaram, juntos, um terço do montante levantado pelos sete mensaleiros reeleitos.
Os cinco sanguessugas, que
respondem a processo no Conselho de Ética da Câmara, recolheram R$ 2,3 milhões. Já os
sete mensaleiros fizeram caixa
de R$ 6,5 milhões, segundo dados divulgados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
No total, sete dos 12 mensaleiros que disputaram a eleição
voltarão à Câmara. O índice de
reprovação aos sanguessugas
nas urnas foi maior: dos 50 que
tentaram novo mandato, só
cinco conseguiram. Desses 50,
os dados de 12 estavam inacessíveis ontem no TSE.
O único sanguessuga que
conseguiu superar a cifra de
R$ 1 milhão na arrecadação foi
o deputado Wellington Fagundes (PL), eleito em Mato Grosso, base da empresa Planam, da
família Vedoin. Desse montante, a maior parte proveio de "recursos próprios", segundo a
prestação de contas entregue à
Justiça. Fagundes, veterinário
e comerciante, nega envolvimento com o esquema. Nenhum outro candidato cujas
contas a Folha teve acesso levantou mais de R$ 500 mil.
A segunda maior arrecadação entre os eleitos é a do deputado Pedro Henry (PP-MT), citado tanto no caso dos sanguessugas quanto no mensalão.
Ele recolheu R$ 464 mil.
A maioria dos sanguessugas
que disputaram a reeleição
(37%) obteve arrecadação entre R$ 100 mil e R$ 500 mil, e
outros 35% não conseguiram
recolher R$ 100 mil.
Reinaldo Gripp (PL-RJ) foi
quem fez o menor caixa:
R$ 16,7 mil. Ele obteve apenas
0,30% dos votos na disputa, segundo o TSE. Amauri Gasques
(PL-SP) arrecadou R$ 25 mil,
valor considerado muito baixo
para concorrer no maior colégio eleitoral do país. Na mesma
linha, Irapuã Teixeira (PP-SP)
conseguiu R$ 35,3 mil, e Elaine
Costa (PTB-RJ), R$ 35,4 mil.
Os parlamentares admitem
que o fato de terem sido arrolados no escândalo das ambulâncias próximo à eleição prejudicou a arrecadação. "O denuncismo deixou os empresários
com medo", diz João Caldas
(PL-AL), que arrecadou R$ 312
mil, mas não conseguiu se reeleger. Ele nega envolvimento
com a máfia das ambulâncias.
Ildeo Araújo (PP-SP), que arrecadou R$ 52 mil, disse que as
denúncias o inibiram de procurar empresários. "Não tinha
como bater na porta de uma
empresa e pedir ajuda saindo
de uma calúnia dessas." Ele nega parte nas irregularidades.
Dos 72 parlamentares inicialmente citados na máfia dos
sanguessugas, 50 disputaram a
eleição. Destes, dois concorreram a deputado estadual, um
disputou vaga no Senado e a senadora Serys Slhessarenko
tentou o governo de Mato
Grosso. A petista declarou ter
captado R$ 435,5 mil. Também
de Mato Grosso, a deputada
Celcita Pinheiro (PFL) juntou
R$ 456 mil, mas não se reelegeu. Érico Ribeiro (PP-RS), um
dos maiores arrozeiros do país,
disse ter recolhido R$ 361 mil.
Não conseguiu novo mandato.
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