São Paulo, domingo, 04 de novembro de 2007

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Balanço de assentados gera polêmica desde 2002

DA REPORTAGEM LOCAL

Os balanços anuais dos assentamentos rurais são alvo de controvérsia desde 2002, quando a Folha revelou que os números eram engordados com famílias que ocupavam as terras anos antes da criação oficial do assentamento.
O governo contabiliza como "assentados" pessoas que apenas podem ter recebido créditos específicos, para construção de casas ou plantio -ou seja, que não eram famílias acampadas, mas moradores em projetos já existentes.
A prática foi inaugurada no governo de FHC (1995-2002). No primeiro mandato de Lula (2003-2006), o governo repetiu as estratégias -que antes eram combatidas pelo PT.
Em janeiro de 2006, o governo Lula anunciou "recorde histórico" de supostos 381 mil trabalhadores assentados desde janeiro de 2003. Contudo, após a leitura dos dados relativos a 243 mil assentados entre 2003 e 2005, a reportagem concluiu, em fevereiro passado, que 48% do total se relacionava a projetos criados antes do governo Lula e ao menos um terço do número total são pessoas "assentadas" em projetos extrativistas e reservas e assentamentos tocados pelos Estados.
Os números divergem entre órgãos do próprio governo. Em 2002, estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) financiado pelo governo apontou diferença de 44% entre o número oficial do biênio 1999-2000, divulgado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, e o registrado no Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). O governo dizia ter assentado 194 mil, e o Ipea constatou 109 mil.
Em 2002, um técnico da USP contratado pelo governo para realizar um "censo" apontou 328.825 assentados em projetos criados pelo Incra entre 1995 e 2001. O número é 44% inferior às 584.655 famílias anunciadas pelo então ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann, em fevereiro de 2002. (RUBENS VALENTE)


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