São Paulo, quarta-feira, 04 de dezembro de 2002

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ESTADOS

Governador ameaça ingressar com ação judicial para obter dinheiro

Itamar dá à União ultimato para que pague dívida a MG

LEONARDO WERNER
FREE-LANCE PARA A
AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O governador de Minas Gerais, Itamar Franco (sem partido), deu ontem um prazo para que a União salde a dívida relativa às obras feitas pelo Estado em rodovias federais. Segundo ele, caso o repasse não ocorra até sexta-feira, Minas Gerais irá entrar com ações judiciais para obter o dinheiro na próxima segunda-feira.
Caso o dinheiro não seja liberado, Itamar afirmou que irá convocar a imprensa para mostrar quais medidas jurídicas irá tomar e também para "contar os bastidores das negociações com a União". As declarações foram feitas ontem durante a inauguração de um trecho da rodovia MG-030, em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte.
O governo mineiro aguarda a edição de uma medida provisória que poderá liberar até R$ 1,2 bilhão para o Estado. Minas passa por uma crise financeira, e, segundo a Secretaria de Estado da Fazenda, apenas esse dinheiro permitiria o pagamento do 13º salário aos servidores estaduais.
Itamar afirmou que considera justos o ressarcimento e as reivindicações daqueles que comprovarem as dívidas. "Não é possível que, por decorrência do atraso do governo federal ou de quem quer que seja, essas pessoas [os servidores] deixem de receber o 13º".
Ele voltou a afirmar que "está defendendo o interesse de mais de um milhão de pessoas", e que "Minas está pedindo apenas o que é de direito, com base em estudos técnicos".
Ontem, Itamar se encontrou com o governador eleito, Aécio Neves (PSDB), para debater o tema. Aécio não se pronunciou.
Itamar retomou à tarde a agressividade nas negociações com Fernando Henrique Cardoso. Ele já havia anunciado que poderia processar o governo federal, em notas divulgadas na sexta-feira.
Foi aberta também uma crise com o PT, que ele apoiou durante a campanha presidencial. Itamar acusou Antônio Palocci Filho, coordenador da equipe de transição petista e cotado para assumir a Fazenda no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, de vetar a ajuda a Minas.
Tanto o governo atual quanto o eleito temem que uma eventual ajuda a Minas se torne um movimento em cascata. A soma de pedidos de Estados que dizem ter investido em estradas federais chega a R$ 9 bilhões.


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