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REFORMA SOB PRESSÃO
Nova proposta estende concessão de benefícios até aprovação final do projeto tributário na Câmara
Governo aceita prolongar a guerra fiscal
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Numa tentativa de assegurar a
aprovação das reformas da Previdência e tributária até o final deste
ano, o governo concordou com o
prolongamento da guerra fiscal
entre os Estados. Mesmo assim,
não há acordo definitivo para as
votações das duas propostas.
Pela proposta negociada, todos
os incentivos fiscais concedidos
pelos Estados até 30 de abril, data
em que as reformas foram enviadas ao Congresso, seriam automaticamente validados. Os incentivos concedidos para "empreendimento industriais estruturantes" entre essa data e a promulgação da reforma tributária poderão
ser aprovados, desde que passem
por um "filtro" do Senado.
O texto aprovado pela Câmara
estabeleceu como prazo-limite 30
de setembro deste ano, o que levou os Estados a concederem
uma enxurrada de incentivos às
vésperas dessa data.
Se prevalecer a nova idéia, a
concessão de benefícios se estenderá até a aprovação final do projeto pela Câmara, para onde essa
parte do texto terá de retornar.
Mesmo avaliações otimistas não
acreditam que isso ocorra antes
de maio ou junho de 2004.
Após a promulgação, prevê o
entendimento, o governo enviaria
um projeto de política industrial
ao Congresso. Imagina-se que,
dessa forma, novos tipos de incentivos estaduais possam ser
criados. A proposta de extensão
da guerra fiscal foi fechada em um
jantar anteontem na casa do presidente do Senado, José Sarney
(PMDB-AP), da qual participaram os ministros Antonio Palocci
(Fazenda) e José Dirceu (Casa Civil), além do líder do PMDB no
Senado, Renan Calheiros (AL).
Palocci repetiu as previsões segundo as quais 2004 ainda será
um ano de ajuste e considerou indispensável a aprovação das duas
reformas nos termos do governo,
que não aceita as modificações
que aumentam despesas na chamada "PEC paralela" da Previdência, em discussão no Senado.
Sarney e Calheiros argumentaram que o governo precisava ceder para poder aprovar a proposta de reforma tributária, especialmente no que se refere à guerra
fiscal -a emenda só pode ser
aprovada neste ano se os líderes
partidários concordarem com a
redução de prazos regimentais de
tramitação. A sugestão ganhou
forma no grupo que negocia o
acordo para fatiar a reforma em
três etapas: o líder do governo no
Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), o relator Romero Jucá
(PMDB-RR) e os senadores Tasso
Jereissati (PSDB-CE), autor da
proposta de fatiamento, e Rodolpho Tourinho (PFL- BA).
Acertado no grupo de trabalho,
o acordo ainda não tem o aval dos
líderes dos partidos de oposição,
Arthur Virgílio (PSDB-AM) e José Agripino (PFL-RN), e nem
mesmo do líder do PMDB, Renan
Calheiros -que desautorizou Jucá, seu colega de partido.
Os líderes aceitam a fórmula encontrada para a guerra fiscal, que
permitirá, por exemplo, a concessão de incentivos para siderúrgicas no Ceará e no Maranhão e para a refinaria do Nordeste, mas
ainda divergem sobre outros aspectos do acordo.
Um exemplo claro é a prorrogação da alíquota de 0,38% da
CPMF por quatro anos. Tasso
propôs a criação de um gatilho
que permitiria a redução sempre
que melhorassem as condições
macroeconômicas. O governo
concordou, mas quer fazer isso
por meio de uma outra proposta
de emenda constitucional. O PFL
estrilou. "Depois do que aconteceu com a Previdência, não queremos nem ouvir falar em PEC
paralela", diz Agripino.
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