São Paulo, sexta, 4 de dezembro de 1998

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Concessão não evita derrota

LUCIO VAZ
da Sucursal de Brasília

A bancada ruralista pressionou o governo e manteve inalterado o cálculo da contribuição de empresas agrícolas, mas apenas 40% de seus membros acabaram votando a favor do governo na medida provisória sobre cobrança de servidores ativos, inativos e pensionistas.
Dos 205 integrantes formais da Frente Parlamentar da Agricultura, apenas 84 votaram a favor do governo anteontem. Três se abstiveram, 65 votaram contra e outros 53 estavam ausentes.
Dos 65 ruralistas que votaram contra a proposta do governo, 10 eram de partidos de oposição. Isso significa que 55 membros da frente que apóiam o governo não seguiram a orientação de seus líderes. Se 13 deles tivessem votado com o governo, a MP teria sido aprovada.
O coordenador de negociações da Frente Parlamentar da Agricultura, Abelardo Lupion (PFL-PR), disse ontem que previu a derrota do governo durante a votação.
"Falei com o ministro (Waldeck Ornélas) ontem (anteontem), durante a votação, e avisei que iríamos perder. A gente via um rastilho de pólvora no plenário. O tema é polêmico. O pessoal amarela mesmo", contou Lupion.
O deputado tentou minimizar o alto índice de dissidência entre os ruralistas: "Os nossos líderes votaram todos a favor da proposta do governo. Mas, na hora em que temos de cortar benesses, a pressão dos Estados é grande".
Os líderes dos ruralistas negociaram com o ministro Ornélas (Previdência) na manhã do dia da votação. Ameaçaram votar contra o governo à tarde se a alíquota sobre a comercialização da produção fosse elevada de 2,2% para 5%.
Na verdade, os ruralistas estavam contra a troca da contribuição sobre a produção pela contribuição de 20% sobre a folha de pagamento. Isso resultaria em um acréscimo de R$ 280 milhões na arrecadação no setor.
O governo cedeu, mas não teve os votos prometidos. A Frente da Agricultura vai participar agora de uma comissão que vai definir em 90 dias a forma de cálculo da contribuição de empresas agrícolas.



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