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Concessão não
evita derrota
LUCIO VAZ
da Sucursal de Brasília
A bancada ruralista pressionou o
governo e manteve inalterado o
cálculo da contribuição de empresas agrícolas, mas apenas 40% de
seus membros acabaram votando
a favor do governo na medida provisória sobre cobrança de servidores ativos, inativos e pensionistas.
Dos 205 integrantes formais da
Frente Parlamentar da Agricultura, apenas 84 votaram a favor do
governo anteontem. Três se abstiveram, 65 votaram contra e outros
53 estavam ausentes.
Dos 65 ruralistas que votaram
contra a proposta do governo, 10
eram de partidos de oposição. Isso
significa que 55 membros da frente
que apóiam o governo não seguiram a orientação de seus líderes. Se
13 deles tivessem votado com o governo, a MP teria sido aprovada.
O coordenador de negociações
da Frente Parlamentar da Agricultura, Abelardo Lupion (PFL-PR),
disse ontem que previu a derrota
do governo durante a votação.
"Falei com o ministro (Waldeck
Ornélas) ontem (anteontem), durante a votação, e avisei que iríamos perder. A gente via um rastilho de pólvora no plenário. O tema
é polêmico. O pessoal amarela
mesmo", contou Lupion.
O deputado tentou minimizar o
alto índice de dissidência entre os
ruralistas: "Os nossos líderes votaram todos a favor da proposta do
governo. Mas, na hora em que temos de cortar benesses, a pressão
dos Estados é grande".
Os líderes dos ruralistas negociaram com o ministro Ornélas (Previdência) na manhã do dia da votação. Ameaçaram votar contra o
governo à tarde se a alíquota sobre
a comercialização da produção
fosse elevada de 2,2% para 5%.
Na verdade, os ruralistas estavam contra a troca da contribuição
sobre a produção pela contribuição de 20% sobre a folha de pagamento. Isso resultaria em um
acréscimo de R$ 280 milhões na
arrecadação no setor.
O governo cedeu, mas não teve
os votos prometidos. A Frente da
Agricultura vai participar agora de
uma comissão que vai definir em
90 dias a forma de cálculo da contribuição de empresas agrícolas.
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