São Paulo, sexta, 4 de dezembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ACM cobra "lealdade' e "fidelidade' de aliados

RAQUEL ULHÔA
da Sucursal de Brasília

O PFL e o PSDB do Senado afinaram ontem o discurso em defesa de punição dos deputados da base aliada que votaram contra a proposta do governo de cobrar contribuição previdenciária de aposentados e pensionistas da União.
O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), cobrou "lealdade" e "fidelidade" dos parlamentares da base aliada. "Os que não forem leais devem até mesmo sair dos partidos", disse.
O líder do PSDB no Senado, Sérgio Machado (CE), afirmou que o partido "vai tratar com rigor" os deputados tucanos que votaram contra a medida provisória.
Para o líder do governo no Congresso, senador José Roberto Arruda (PSDB-DF), "é hora de o governo jogar duro", tratando os parlamentares leais de forma diferente daqueles que não têm dado apoio às propostas do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Segundo ACM, o painel com o resultado da votação é um "bom quadro para se fazer um exame de lealdade". Segundo o painel, 108 deputados aliados votaram contra a MP: 31 do PPB, 29 do PMDB, 25 do PSDB, 16 do PFL e 7 do PTB.
ACM afirmou que os partidos aliados devem fidelidade ao presidente, "sobretudo em causas que não são do governo e sim do país".
O presidente nacional do PMDB, senador Jader Barbalho (PA), manifestou posição diferente. "Em vez de punição, defendo mais diálogo", afirmou. Na opinião de Barbalho, o governo perdeu porque a proposta era "polêmica", foi "mal explicada" ao Congresso e à sociedade e o momento "não era bom".
"O governo continua com a mesma base parlamentar. Não se pode condenar a base por um episódio. Se for feito um levantamento do comportamento dos partidos aliados no Congresso, veremos que a base tem sido solidária", disse.
O presidente do PMDB disse que a derrota é "episódio normal no jogo democrático", e defendeu mais "transparência" do governo na defesa das medidas que serão tomadas para que o ajuste fiscal de R$ 28 bilhões seja atingido.
A derrota foi analisada ontem por FHC e ACM, em almoço ao qual compareceram também Arruda e o líder do governo no Senado, Elcio Alvares (PFL-ES). "O presidente reconheceu que uma série de erros provocaram a derrota."
Coordenador político
A derrota reacendeu ainda a discussão da necessidade de FHC nomear um coordenador político. O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), defendeu a volta do posto para o próximo mandato.
Segundo Temer, o coordenador serviria como um "pára-raios" para FHC. "O presidente recebe bola no peito toda hora. É preciso um coordenador para não desgastar politicamente o presidente", disse.
Para Arruda, esse é um assunto de competência exclusiva de FHC. "Prefiro não opinar, mas, todas as vezes que sofremos uma derrota, ficamos buscando culpados."
Na campanha eleitoral, FHC tinha um coordenador político, Euclides Scalco, que, entre outras funções, respondia aos ataques públicos. Também cabia a Scalco tratar de assuntos que poderiam expor FHC a situações constrangedoras ou de desgaste político.
Para Temer, o coordenador deve ser uma pessoa próxima a FHC que responda por qualquer problema político. O deputado Luiz Carlos Santos (PFL-SP) já foi ministro de Assuntos Políticos, cargo que foi extinto.
²


Colaboraram Luiza Damé e Denise Madueño, da Sucursal de Brasília



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.