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ACM cobra "lealdade' e "fidelidade' de aliados
RAQUEL ULHÔA
da Sucursal de Brasília
O PFL e o PSDB do Senado afinaram ontem o discurso em defesa
de punição dos deputados da base
aliada que votaram contra a proposta do governo de cobrar contribuição previdenciária de aposentados e pensionistas da União.
O presidente do Senado, Antonio
Carlos Magalhães (PFL-BA), cobrou "lealdade" e "fidelidade" dos
parlamentares da base aliada. "Os
que não forem leais devem até
mesmo sair dos partidos", disse.
O líder do PSDB no Senado, Sérgio Machado (CE), afirmou que o
partido "vai tratar com rigor" os
deputados tucanos que votaram
contra a medida provisória.
Para o líder do governo no Congresso, senador José Roberto Arruda (PSDB-DF), "é hora de o governo jogar duro", tratando os
parlamentares leais de forma diferente daqueles que não têm dado
apoio às propostas do presidente
Fernando Henrique Cardoso.
Segundo ACM, o painel com o
resultado da votação é um "bom
quadro para se fazer um exame de
lealdade". Segundo o painel, 108
deputados aliados votaram contra
a MP: 31 do PPB, 29 do PMDB, 25
do PSDB, 16 do PFL e 7 do PTB.
ACM afirmou que os partidos
aliados devem fidelidade ao presidente, "sobretudo em causas que
não são do governo e sim do país".
O presidente nacional do PMDB,
senador Jader Barbalho (PA), manifestou posição diferente. "Em
vez de punição, defendo mais diálogo", afirmou. Na opinião de Barbalho, o governo perdeu porque a
proposta era "polêmica", foi "mal
explicada" ao Congresso e à sociedade e o momento "não era bom".
"O governo continua com a mesma base parlamentar. Não se pode
condenar a base por um episódio.
Se for feito um levantamento do
comportamento dos partidos aliados no Congresso, veremos que a
base tem sido solidária", disse.
O presidente do PMDB disse que
a derrota é "episódio normal no jogo democrático", e defendeu mais
"transparência" do governo na defesa das medidas que serão tomadas para que o ajuste fiscal de R$ 28
bilhões seja atingido.
A derrota foi analisada ontem
por FHC e ACM, em almoço ao
qual compareceram também Arruda e o líder do governo no Senado, Elcio Alvares (PFL-ES). "O presidente reconheceu que uma série
de erros provocaram a derrota."
Coordenador político
A derrota reacendeu ainda a discussão da necessidade de FHC nomear um coordenador político. O
presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), defendeu a volta
do posto para o próximo mandato.
Segundo Temer, o coordenador
serviria como um "pára-raios" para FHC. "O presidente recebe bola
no peito toda hora. É preciso um
coordenador para não desgastar
politicamente o presidente", disse.
Para Arruda, esse é um assunto
de competência exclusiva de FHC.
"Prefiro não opinar, mas, todas as
vezes que sofremos uma derrota,
ficamos buscando culpados."
Na campanha eleitoral, FHC tinha um coordenador político, Euclides Scalco, que, entre outras
funções, respondia aos ataques
públicos. Também cabia a Scalco
tratar de assuntos que poderiam
expor FHC a situações constrangedoras ou de desgaste político.
Para Temer, o coordenador deve
ser uma pessoa próxima a FHC
que responda por qualquer problema político. O deputado Luiz
Carlos Santos (PFL-SP) já foi ministro de Assuntos Políticos, cargo
que foi extinto.
²
Colaboraram
Luiza Damé e Denise Madueño,
da Sucursal de Brasília
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