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Projetos anunciados como prioritários não serão votados na Câmara em 2006
ADRIANO CEOLIN
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar do esforço por uma melhora na imagem em janeiro, a
Câmara vai terminar o ano sem
votar projetos anunciados como
prioridades pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva no início do
governo. A agenda das reformas
foi enterrada e matérias polêmicas não deverão ir a plenário.
A previsão é compartilhada por
integrantes da oposição e do governo. Ambos os lados culpam
pelo fracasso a crise do "mensalão" e o escândalo do "mensalinho"- que resultou na renúncia
do então presidente da Câmara,
Severino Cavalcanti (PP-PE).
"Os dois casos dispersaram os
deputados e atrapalharam a produção da Casa", disse o vice-líder
do PT na Câmara, deputado Luiz
Eduardo Greenhalgh (PT-SP).
"[Em meados de janeiro,] tivemos importantes votações, mas, a
partir de maio, os deputados vão
se concentrar nas suas campanhas", disse Greenhalgh.
Na semana passada, a Câmara
aprovou em segundo turno as
emendas do Fundeb (Fundo de
Desenvolvimento da Educação
Básica) e da redução do recesso
parlamentar de 90 para 55 dias,
que seguem agora para o Senado.
Esta semana, deve ser votado o segundo turno da emenda que derruba a verticalização. Para acelerar as votações, a Casa luta para
garantir o quórum nas sessões de
segunda e sexta.
Sobretudo, porque, até então, a
convocação extraordinária não
havia mostrado resultados. Sem
votações e com os trabalhos nas
CPIs e no Conselho de Ética travados, a Câmara iniciou o ano com a
imagem ainda mais desgastada.
Linha de montagem
Animado com o ritmo das votações na semana passada, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo
(PC do B-SP), discorda das avaliações pessimistas. "Eu já disse que
não considero a Câmara uma linha de montagem", disse. "O balanço será feito por todos quando
houver o término da convocação
extraordinária", afirmou.
Porém, se levados em consideração a agenda de reformas proposta pelo governo e o tempo que
resta antes das eleições, pouco foi
votado e menos ainda deverá ser
apreciado em plenário até maio.
A começar pelas reformas sindical e trabalhista, duas promessas
de campanha do presidente que
permaneceram na gaveta.
Também promessa de Lula,
parte importante da reforma tributária está pronta para ser votada. Porém, pontos polêmicos como a unificação do ICMS estão
sem acordo. Além disso, a oposição acusa o Ministério da Fazenda
de trabalhar contra a votação.
Outra questão importante que
não deve ser discutida na Câmara
neste ano: novas regras para os
projetos de saneamento e funcionamento de agências reguladoras.
A emenda constitucional que
proíbe a contratação de parentes
de deputados e senadores também caiu no esquecimento e tende a ser escanteada.
"Era tudo mentirinha. Nunca
houve interesse de fato do governo em votar pontos importantes
da reforma tributária", disse o líder do PFL na Câmara, deputado
Rodrigo Maia (RJ).
O vice-líder do PSDB na Câmara, Eduardo Paes (RJ), é ainda
mais crítico. "Na verdade, o governo nunca teve uma agenda de
reformas. Depois da crise do
"mensalão", a coisa ficou pior ainda", afirmou.
Prioridades
Com a aprovação da Super-Receita e do Fundeb, a prioridade da
Câmara agora é votar a Lei Geral
de Microempresas, que cria incentivos tributários, trabalhistas e
previdenciários para empresas
com receita bruta anual de até
R$ 36 mil.
A reforma política engrossa a
lista de projetos que deixarão de
ser votados. No entanto, existe
um movimento tanto da oposição
como do governo para que seja
aprovada, pelo menos, parte da
reforma referente às regras para
os gastos de campanha.
"Com a aprovação do fim da
verticalização, é fundamental votarmos essa matéria", afirma o líder do PT na Câmara, Henrique
Fontana (RS).
A proposta, de autoria do senador Jorge Bornhausen (PFL-SC),
já foi aprovada no Senado. Na Câmara, ela é relatada pelo deputado
Moreira Franco (PMDB-RJ). "Só
precisamos enxugá-la em alguns
pontos", disse o líder da minoria
na Câmara, deputado José Carlos
Aleluia (PFL-BA).
Contudo, ele mesmo afirma que
há restrições para que a matéria
seja apreciada. "Vamos votar se o
Senado concordar em não fazer
mais mudanças", concluiu.
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