São Paulo, quarta-feira, 05 de maio de 2004

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Ex-prefeito diz ter sido ofendido e humilhado

ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois de depor por uma hora e meia na Superintendência da Polícia Federal em Brasília, o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta disse ter se sentido "ofendido e humilhado" por ter sido detido e levado à PF. Pitta foi preso durante sessão da CPI do Banestado, após responder a uma pergunta do senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), presidente da comissão. Os deputados consideraram agressiva a sua resposta e lhe deram voz de prisão.
Na saída da PF, Pitta lamentou o desenrolar do depoimento. Ele disse ter se sentido agredido pelo questionamento do senador, que perguntou se o ex-prefeito é corrupto. A resposta do ex-prefeito, durante a sessão, foi perguntar ao senador se ele "continuava batendo na mulher".
"Não tive intenção de ofender o senador", disse Pitta. "Fui ofendido e estou humilhado", falou, pouco antes de entrar no carro que o levou ao aeroporto, de onde voltou para São Paulo.
Pitta foi detido no Congresso às 13h20, quando Antero encerrou a sessão. Levado à PF, o ex-prefeito permaneceu calmo durante todo o depoimento. Foi liberado por volta das 15h30, mas deixou o prédio apenas às 16h.
O advogado de Pitta, Celso Vilardi, disse que o episódio foi lamentável "sob todos os pontos de vista". Ele insistiu que é necessário fazer uma reflexão sobre os poderes que parlamentares de uma CPI têm.
Vilardi sustentou que não houve nenhum tipo de desacato por parte do ex-prefeito. "Muito pelo contrário, houve uma pergunta [do senador] com intuito claramente provocativo a uma pessoa que estava depondo havia duas horas", disse Vilardi, que considerou a reação de seu cliente normal para um momento estressante. "A pergunta atingiu a honra do depoente", complementou o advogado de Pitta.

Potencial ofensivo
Segundo o delegado William Tito Marinho, que ouviu o ex-prefeito, não chegou a ser registrada prisão em flagrante por se tratar de um crime de menor potencial ofensivo e pelo fato de Pitta ter se comprometido a comparecer à Justiça. Durante o período em que foi mantido nas dependências da PF, o ex-prefeito ficou no gabinete do delegado.
O termo circunstanciado (por ser crime leve, não há inquérito) seguirá para o Juizado Especial Criminal, que determinará se houve ou não crime de desacato à autoridade. Cabe ainda à Justiça Federal determinar a punição, que pode ser multa, pena alternativa ou detenção de seis meses a dois anos (relativa ao crime de desacato à autoridade).


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