São Paulo, domingo, 05 de junho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AMAZÔNIA ILEGAL

PF já prendeu 93 Ibama em Brasília sabia do caso, diz procurador

HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ (MT)

O procurador da República em Cuiabá (MT) Mário Lúcio Avelar afirmou em documento apresentado à Justiça Federal que o esquema montado para desmatamento ilegal em áreas da Amazônia -em Rondônia, Pará e principalmente Mato Grosso- tinha apoio da Diretoria de Florestas do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente) em Brasília.
Segundo o MPF (Ministério Público Federal), o diretor de Florestas do Ibama, Antônio Carlos Hummel, preso na quinta, legalizava planos de manejo em terras indígenas e áreas de preservação.
O procurador identifica 197 planos aprovados para legalizar a extração de 4,5 milhões de metros cúbicos de madeira. Para cortar árvores, a madeireira precisa apresentar ao Ibama um plano de manejo que permite o reflorestamento. Como se tratava de extração ilegal, as empresas apresentaram planos falsos.
Conforme a acusação da MPF apresentada à Justiça no pedido de prisão preventiva, Hummel gerenciava o Sisprof, o sistema que controla a extração no Brasil.
A Polícia Federal diz que a suposta quadrilha, da qual Hummel é acusado de fazer parte, desmatou 43 mi hectares (52 mil campos de futebol) em dois anos, o suficiente para encher de madeira 66 mil caminhões, movimentando R$ 890 milhões nesse período.
Até ontem 93 pessoas (47 servidores do Ibama) haviam sido presas. A Justiça Federal decretou a prisão de 127.

Outro lado
O delegado da PF Tardelli Boaventura, responsável pela investigações do esquema, disse que ainda não tomou o depoimento de Hummel porque o pedido de prisão foi do MPF. Conforme o delegado, Hummel, que chegou a Cuiabá na madrugada de sexta, está sem advogado e não pode dar entrevista à imprensa.
Em entrevista na quinta, o presidente do Ibama, Marcus Barros, disse que o órgão foi responsável pelas investigações resultando na prisão dos acusados de montar o esquema. "Estamos cortando na própria carne", afirmou. Ontem, a reportagem não conseguiu contato com Barros.

Texto Anterior: "Ele é que é meu laranja", diz Monteiro
Próximo Texto: Corrupção em debate: Lula tenta dissociar governo de denúncias
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.