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Internet espalha boato
sobre internacionalização
da floresta amazônica
DA REDAÇÃO
Um spam (uma mensagem
não solicitada) que vem entupindo as caixas de entrada
dos e-mails alerta sobre um
plano para transformar a
Amazônia em uma reserva
internacional, citando como
prova um suposto livro ("An
Introduction to Geography",
de David Norman) adotado
em escolas dos Estados Unidos, no qual a Amazônia já
aparece separada do Brasil.
O spam traz a "horrorizante tradução" de um trecho do
livro, segundo o qual "desde
meados dos anos 80 a mais
importante floresta do mundo passou a ser responsabilidade dos Estados Unidos e
das Nações Unidas", já que os
países que a controlavam
eram "reinos da violência, do
tráfego [sic] de drogas, da ignorância, e de um povo sem
inteligência e primitivo".
Esse livro não existe nas bibliotecas norte-americanas:
basta consultar o site Worldcat (www.worldcat.org), que
faz uma busca simultânea em
mais de 10 mil bibliotecas, para constatar que se trata de
uma obra fantasma. Todas as
publicações comerciais dos
EUA são registradas na Biblioteca do Congresso e tal livro não consta de seus arquivos. Tampouco pode ser encontrado em livrarias como a
Amazon e a Barnes&Noble.
Existem vários autores
com esse nome -o mais produtivo é um paleontólogo
com vários livros sobre dinossauros-, mas nenhum deles
escreveu sobre geografia.
O inglês macarrônico da
mensagem revela que o texto
certamente não foi escrito
por um norte-americano. Vários erros (padronização, grafia, concordância) sugerem
que o autor da fraude é provavelmente um brasileiro com
pouca fluência no idioma. A
própria montagem é tão grosseira que a página 76 do livro,
onde aparece o suposto mapa
(veja o quadro), fica do lado
reservado às páginas ímpares.
Apesar das evidências de
fraude, o e-mail se disseminou a tal ponto que chegou a
ser reproduzido em um clipping distribuído pela SBPC
(Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência), em
2001 -o que obrigou a Embaixada do Brasil nos EUA a
apontar a fraude. Apesar disso, o spam circula até hoje.
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