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São Paulo, sábado, 05 de julho de 2003

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Reintegração é suspensa em PE, mas juiz proíbe volta de sem-terra

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

A ordem de despejo dos lavradores acampados no engenho Prado, em Tracunhaém (64 km de Recife, PE), transformou-se em uma disputa entre juízes de duas instâncias estaduais.
Autor da ordem para que fosse feita a reintegração de posse da área, o juiz de Nazaré da Mata, Carlos Alberto Maranhão de Oliveira, teve sua decisão suspensa por determinação do desembargador do Tribunal de Justiça do Estado Nelson Santiago Reis.
Com isso, os sem-terra que haviam sido despejados anteontem do engenho e tiveram suas casas destruídas por tratores começaram a retornar ontem ao local e a reerguer seus barracos.
Oliveira, entretanto, expediu ontem um despacho proibindo que os lavradores retirados da área voltassem ao local. Ele alega que a "determinação superior" não autorizou ou determinou a sua reocupação pelos sem-terra.
Com isso, a Polícia Militar foi acionada pelo governo do Estado e, com 40 homens, bloqueou à noite a entrada dos trabalhadores rurais e não permitiu a reconstrução dos barracos.
Os que já estavam no local não foram retirados, mas há possibilidade de que sejam despejados novamente hoje. O clima no local é de tensão e medo.
O ouvidor agrário nacional, Gersino José da Silva Filho, foi ontem a Recife para acompanhar o conflito. Para ele, o juiz de Nazaré da Mata "interpretou" a decisão superior para conseguir manter a sua ordem inicial.
"Quando uma decisão é suspensa, volta-se ao estado anterior", disse. "Ou seja, a ordem de reintegração de posse deixa de ter valor", declarou.
Silva Filho acha ainda que o despejo foi "ilegal", porque a Polícia Militar, por força de lei, disse, não poderia cumprir a ordem de reintegração de posse sem antes ter intimado um representante do Ministério Público Estadual.
A polícia também não poderia, afirmou, iniciar o despejo sem estar acompanhada de um representante da instituição. Os dois procuradores que foram ao engenho só chegaram ao local horas após o início da operação policial.
Em nota oficial, o governo do Estado, por meio do secretário especial, Dorany Sampaio, declarou que é "obrigação constitucional do Executivo dar cumprimento às decisões judiciais".


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