São Paulo, terça-feira, 05 de julho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/FUNDOS DE PENSÃO

Consórcio do qual a empresa Globalprev faz parte foi contratado sem licitação em 2004

Petros rompe o contrato com ex-sócios de Gushiken

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS

A Petros (Fundação Petrobras de Seguridade Social) rompeu ontem o contrato com o consórcio formado pelas empresas Globalprev, PriceWaterhouseCoopers e Kiman, que havia sido firmado em abril passado para implementar o plano de previdência complementar da Sanasa (Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S.A.), de Campinas (95 km de São Paulo).
Além da Petros, ao menos outros quatro fundos de pensão ligados a empresas estatais têm contratos com a Globalprev Consultores Associados, de propriedade de dois ex-sócios do ministro Luiz Gushiken (Comunicação e Gestão Estratégica).
A diretoria da Globalprev foi procurada ontem, mas ninguém da empresa atendeu a Folha.
A empresa -que até 2002 se chamava Gushiken & Associados- presta serviços de assessoria atuarial e tem sido contratada para preparar planos de aposentadoria alternativos que desobriguem estatais de pagar salários da ativa a aposentados.
A Globalprev tem sede no município de Indaiatuba (SP), na mesma casa em que Gushiken morou até o final de 2002. O telefone da Globalprev ainda consta na lista telefônica como sendo da Gushiken & Associados.
A exclusão da Globalprev e das outras duas consorciadas foi um pedido da própria Sanasa e da Prefeitura de Campinas feito ontem à tarde em uma reunião entre o presidente da Petros, Wagner Pinheiro, o prefeito de Campinas, Hélio de Oliveira Santos (PDT) e o presidente da Sanasa, Luiz Augusto Castrillon de Aquino.
O consórcio foi contratado sem licitação e sem o consentimento da Sanasa. O sindicato dos funcionários e a Sanasa afirmaram ontem desconhecer que a administração do fundo havia sido terceirizada pela Petros.
A Sanasa contratou a Petros para administrar o fundo de pensão no dia 23 de dezembro de 2004. O plano começou a ser administrado em abril. A prefeitura detém 99,9% das ações da Sanasa.
Pelo contrato, a Petros receberá 6% do valor das contribuições da Sanasa e dos empregados, como taxa de administração, e pagará ao consórcio R$ 16,22 ao mês por empregado.
A Sanasa tem cerca de 1.600 funcionários e 1.022 aderiram ao plano de previdência complementar. Os funcionários, somados, pagam R$ 160,2 mil por mês, e a Sanasa, R$ 152,4 mil, totalizando R$ 312,6 mil mensais.
O presidente da Petros, Wagner Pinheiro, justificou ontem que a terceirização do plano foi regular, já que a "Petros não deve obediência à Lei de Licitação, pois é uma instituição de direito privado". Ele diz ainda que a contratação do consórcio se fundamentou na notória especialização.
"Em função das notícias publicadas no fim de semana [que vinculavam a Globalprev a Gushiken], a Sanasa pediu o rompimento e nós acatamos", disse Pinheiro, que também negou favorecimento da Globalprev. Ele foi companheiro de militância de Gushiken no movimento sindical.


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