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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/FUNDOS DE PENSÃO
Consórcio do qual a empresa Globalprev faz parte foi contratado sem licitação em 2004
Petros rompe o contrato com ex-sócios de Gushiken
MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS
A Petros (Fundação Petrobras
de Seguridade Social) rompeu ontem o contrato com o consórcio
formado pelas empresas Globalprev, PriceWaterhouseCoopers e
Kiman, que havia sido firmado
em abril passado para implementar o plano de previdência complementar da Sanasa (Sociedade
de Abastecimento de Água e Saneamento S.A.), de Campinas (95
km de São Paulo).
Além da Petros, ao menos outros quatro fundos de pensão ligados a empresas estatais têm contratos com a Globalprev Consultores Associados, de propriedade
de dois ex-sócios do ministro Luiz
Gushiken (Comunicação e Gestão Estratégica).
A diretoria da Globalprev foi
procurada ontem, mas ninguém
da empresa atendeu a Folha.
A empresa -que até 2002 se
chamava Gushiken & Associados- presta serviços de assessoria atuarial e tem sido contratada
para preparar planos de aposentadoria alternativos que desobriguem estatais de pagar salários da
ativa a aposentados.
A Globalprev tem sede no município de Indaiatuba (SP), na
mesma casa em que Gushiken
morou até o final de 2002. O telefone da Globalprev ainda consta
na lista telefônica como sendo da
Gushiken & Associados.
A exclusão da Globalprev e das
outras duas consorciadas foi um
pedido da própria Sanasa e da
Prefeitura de Campinas feito ontem à tarde em uma reunião entre
o presidente da Petros, Wagner
Pinheiro, o prefeito de Campinas,
Hélio de Oliveira Santos (PDT) e o
presidente da Sanasa, Luiz Augusto Castrillon de Aquino.
O consórcio foi contratado sem
licitação e sem o consentimento
da Sanasa. O sindicato dos funcionários e a Sanasa afirmaram ontem desconhecer que a administração do fundo havia sido terceirizada pela Petros.
A Sanasa contratou a Petros para administrar o fundo de pensão
no dia 23 de dezembro de 2004. O
plano começou a ser administrado em abril. A prefeitura detém
99,9% das ações da Sanasa.
Pelo contrato, a Petros receberá
6% do valor das contribuições da
Sanasa e dos empregados, como
taxa de administração, e pagará
ao consórcio R$ 16,22 ao mês por
empregado.
A Sanasa tem cerca de 1.600 funcionários e 1.022 aderiram ao plano de previdência complementar.
Os funcionários, somados, pagam
R$ 160,2 mil por mês, e a Sanasa,
R$ 152,4 mil, totalizando R$ 312,6
mil mensais.
O presidente da Petros, Wagner
Pinheiro, justificou ontem que a
terceirização do plano foi regular,
já que a "Petros não deve obediência à Lei de Licitação, pois é
uma instituição de direito privado". Ele diz ainda que a contratação do consórcio se fundamentou
na notória especialização.
"Em função das notícias publicadas no fim de semana [que vinculavam a Globalprev a Gushiken], a Sanasa pediu o rompimento e nós acatamos", disse Pinheiro, que também negou favorecimento da Globalprev. Ele foi
companheiro de militância de
Gushiken no movimento sindical.
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