São Paulo, terça-feira, 05 de julho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/BASE PARTIDA

Presidente oferece a governistas da sigla as pastas de Comunicações, Cidades e Minas e Energia; petista resiste em entregar Saúde

Lula oferece três ministérios ao PMDB

KENNEDY ALENCAR
EDUARDO SCOLESE

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em reunião ontem à noite com o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e o senador José Sarney (AP), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ofereceu três ministérios aos governistas do PMDB: Comunicações, Cidades e Minas e Energia. Lula resiste a dar Saúde ao partido, que apresentou o nome do deputado federal Saraiva Felipe (MG) para a vaga.
O presidente disse que indicaria um técnico para a Previdência, hoje com o senador peemedebista Romero Jucá (RR). Lula busca nomes de impacto e de peso na sociedade para Saúde e Previdência, mas não está fácil achar pessoas dispostas a aceitar.
Lula bateu o martelo em relação a Silas Rondeau, presidente da Eletronorte, para chefiar Minas e Energia. É indicação de Sarney como compensação por não ter nomeado a senadora Roseana Sarney (PFL-MA) para o primeiro escalão, como prometido em negociações para a frustrada reforma ministerial que aconteceu no início deste ano.

"Efeito Jucá"
Lula disse que a pasta das Comunicações poderá ser ocupada pelo senador Hélio Costa (MG), mas que formalizaria o convite hoje depois de falar com o atual ministro, Eunício Oliveira (CE), que pretende ser candidato em 2006 na política cearense.
Lula gostaria que Saraiva Felipe ocupasse a pasta das Cidades -hoje com o petista Olívio Dutra-, mas a ala governista insiste com o presidente para que ele o nomeie para a Saúde devido à sua formação médica. A eventual indicação de Felipe, porém, preocupa o Palácio do Planalto, que analisou o currículo dos indicados do PMDB para tentar evitar novo "efeito Jucá", que, nomeado em março, tem sido bombardeado com acusações de desvio de verbas públicas.
Os nomes de Hélio Costa e Silas Rondeau foram aprovados. Já Saraiva Felipe teria ligações com peemedebistas mineiros que tradicionalmente atuam na Comissão de Orçamento do Congresso e que podem servir de munição a inimigos do deputado.

Ministério para o PP
A intenção de Lula é finalizar as negociações da reforma para anunciá-la hoje ou amanhã, antes de viajar à tarde para o exterior. Ele irá ao encontro do G-8 (reunião do G-7, sete países mais ricos do mundo, com a potência nuclear Rússia), na Escócia. Sua volta está prevista para sexta-feira.
De acordo com auxiliares do presidente, ele estuda ainda oferecer um ministério ao PP. O deputado federal Delfim Netto (SP) é cotado, mas, por ter sido ministro da ditadura militar, enfrenta resistência na cúpula do governo. Aventa-se a possibilidade de Delfim indicar um técnico em acordo com o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE).
O ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política) foi sondado por Lula para ocupar o Trabalho.
O ministro Jaques Wagner (Conselhão) ouviu de Lula que ele acumulará suas atuais funções com as de Aldo, sendo o novo coordenador político do governo.

Saúde
O Conselho Nacional de Secretários de Saúde, que reúne os titulares das secretarias estaduais do setor, divulgou ontem nota oficial em que manifesta sua "extrema preocupação" com a mudança no Ministério da Saúde, que tem o petista Humberto Costa à frente da pasta.
"O Conass manifesta extrema preocupação com os caminhos dessa mudança, já que o Ministério da Saúde não pode ser uma moeda de troca em arranjos políticos", diz um trecho do texto.
"Um novo ministro da Saúde e uma nova equipe levariam meses para apropriar-se de toda a complexidade do ministério", afirma outra nota, esta divulgada pelo Conselho de Secretários Municipais de Saúde.


Colaborou FABIANE LEITE, da Reportagem Local

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