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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/BASE PARTIDA
Presidente oferece a governistas da sigla as pastas de Comunicações, Cidades e Minas e Energia; petista resiste em entregar Saúde
Lula oferece três ministérios ao PMDB
KENNEDY ALENCAR
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em reunião ontem à noite com
o presidente do Senado, Renan
Calheiros (AL), e o senador José
Sarney (AP), o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva ofereceu três
ministérios aos governistas do
PMDB: Comunicações, Cidades e
Minas e Energia. Lula resiste a dar
Saúde ao partido, que apresentou
o nome do deputado federal Saraiva Felipe (MG) para a vaga.
O presidente disse que indicaria
um técnico para a Previdência,
hoje com o senador peemedebista
Romero Jucá (RR). Lula busca
nomes de impacto e de peso na
sociedade para Saúde e Previdência, mas não está fácil achar pessoas dispostas a aceitar.
Lula bateu o martelo em relação
a Silas Rondeau, presidente da
Eletronorte, para chefiar Minas e
Energia. É indicação de Sarney
como compensação por não ter
nomeado a senadora Roseana
Sarney (PFL-MA) para o primeiro escalão, como prometido em
negociações para a frustrada reforma ministerial que aconteceu
no início deste ano.
"Efeito Jucá"
Lula disse que a pasta das Comunicações poderá ser ocupada
pelo senador Hélio Costa (MG),
mas que formalizaria o convite
hoje depois de falar com o atual
ministro, Eunício Oliveira (CE),
que pretende ser candidato em
2006 na política cearense.
Lula gostaria que Saraiva Felipe
ocupasse a pasta das Cidades
-hoje com o petista Olívio Dutra-, mas a ala governista insiste
com o presidente para que ele o
nomeie para a Saúde devido à sua
formação médica. A eventual indicação de Felipe, porém, preocupa o Palácio do Planalto, que analisou o currículo dos indicados do
PMDB para tentar evitar novo
"efeito Jucá", que, nomeado em
março, tem sido bombardeado
com acusações de desvio de verbas públicas.
Os nomes de Hélio Costa e Silas
Rondeau foram aprovados. Já Saraiva Felipe teria ligações com
peemedebistas mineiros que tradicionalmente atuam na Comissão de Orçamento do Congresso e
que podem servir de munição a
inimigos do deputado.
Ministério para o PP
A intenção de Lula é finalizar as
negociações da reforma para
anunciá-la hoje ou amanhã, antes
de viajar à tarde para o exterior.
Ele irá ao encontro do G-8 (reunião do G-7, sete países mais ricos
do mundo, com a potência nuclear Rússia), na Escócia. Sua volta está prevista para sexta-feira.
De acordo com auxiliares do
presidente, ele estuda ainda oferecer um ministério ao PP. O deputado federal Delfim Netto (SP) é
cotado, mas, por ter sido ministro
da ditadura militar, enfrenta resistência na cúpula do governo.
Aventa-se a possibilidade de Delfim indicar um técnico em acordo
com o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE).
O ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política) foi sondado por
Lula para ocupar o Trabalho.
O ministro Jaques Wagner
(Conselhão) ouviu de Lula que ele
acumulará suas atuais funções
com as de Aldo, sendo o novo
coordenador político do governo.
Saúde
O Conselho Nacional de Secretários de Saúde, que reúne os titulares das secretarias estaduais do
setor, divulgou ontem nota oficial
em que manifesta sua "extrema
preocupação" com a mudança no
Ministério da Saúde, que tem o
petista Humberto Costa à frente
da pasta.
"O Conass manifesta extrema
preocupação com os caminhos
dessa mudança, já que o Ministério da Saúde não pode ser uma
moeda de troca em arranjos políticos", diz um trecho do texto.
"Um novo ministro da Saúde e
uma nova equipe levariam meses
para apropriar-se de toda a complexidade do ministério", afirma
outra nota, esta divulgada pelo
Conselho de Secretários Municipais de Saúde.
Colaborou FABIANE LEITE, da Reportagem Local
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