São Paulo, quinta-feira, 05 de julho de 2007

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"Querem ir à forra contra Lula", diz Renan

Presidente do Senado afirmou que setores da mídia estão querendo derrubá-lo como se fosse um "terceiro turno" contra petista

O ministro Walfrido dos Mares Guia repetiu ontem que o caso Renan "é uma questão do Senado" e que o Executivo não pode interferir

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um dia depois de ouvir senadores pedirem em plenário sua saída, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse ontem que setores da mídia querem derrubá-lo, em um terceiro turno contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de quem é um dos principais aliados. "Setores da mídia, que não conseguiram derrubar o presidente Lula, agora querem ir à forra, querem ir ao terceiro turno, derrubando o presidente do Senado Federal", afirmou Renan, que disse estar sendo vítima de uma "covardia".
A imprensa tem sido o principal alvo de Renan desde o início da crise. Ele já disse ser vítima de uma mídia "fascista" e "nazista". O presidente do Senado voltou a dizer que não pretende deixar o cargo. "De nada adianta deixar a presidência. As pessoas acham que podem separar as instituições de seus componentes, e não podem. As instituições são seus componentes", afirmou ele.
Renan também afirmou que não sabe do que está sendo acusado. O Conselho de Ética investiga se ele teve despesas pessoais pagas pelo lobista Cláudio Gontijo, da empreiteira Mendes Júnior. A pedido de Renan, Gontijo entregava R$ 12 mil mensais à jornalista Mônica Veloso, com quem o senador tem uma filha de três anos.
"Essa crise é uma crise artificial. O que há contra mim? Qual é a acusação que me fazem? É porque eu tive um filho fora do casamento?", questionou ele. O senador também negou que tenha apresentado notas fiscais frias ao Conselho de Ética. "As notas foram atestadas, são autênticas. As notas dos compradores são outro problema. Por mim respondo eu", afirmou Renan. Perícia preliminar feita pela Polícia Federal apontou inconsistências nesses documentos.
O ministro das Relações Institucionais, Walfrido dos Mares Guia, repetiu ontem que o caso "é uma questão do Senado" e que o poder Executivo não pode interferir, "nem que quisesse". Enfatizou que "o ônus da prova é de quem acusa, não é de quem se defende" e evitou polemizar, ao ser questionado se se Renan não estaria atrapalhando as investigações ao permanecer no cargo.
"Eu não posso opinar sobre isso, nem senador eu sou." Ele também negou que o governo agiu nos bastidores para tirar Sibá Machado (PT-AC) da presidência do Conselho de Ética. "Não houve interferência nenhuma."
(FERNANDA KRAKOVICS e SILVIO NAVARRO)


Colaborou LETÍCIA SANDER, da Sucursal de Brasília


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