São Paulo, quinta-feira, 05 de julho de 2007

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ANÁLISE

Crise deixa senador cada dia mais fraco

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Desde o início da crise já conhecida como Renangate, em 25 de maio, a trajetória de Renan Calheiros apresentou altos e baixos. No saldo geral, entretanto, a curva do poder político do alagoano descreve uma trajetória descendente constante. A cada dia ele fica mais fraco.
O fenômeno ocorre por duas razões: a pressão da opinião pública e o temor dos senadores de também acabarem sendo investigados. A segunda razão é a mais importante.
O rebanho bovino milionário do peemedebista tem aparecido diariamente nos telejornais e até em programas de variedades -como o de Hebe Camargo. Mas a maioria dos políticos avalia ser mínimo o efeito sobre eles na eleição de 2010.
O grande problema são, como se diz no Salão Azul do Senado, "as balas perdidas". A mídia está compelida a investigar todas as personagens relacionados ao escândalo. Senadores do Conselho de Ética ou que se mostram muito favoráveis a Renan atraem os holofotes.
Tome-se Leomar Quintanilha, do PMDB de Tocantins. A maioria teria pouco interesse por esse político em tempos de calmaria. Hoje, já se sabe do passado encrencado de Quintanilha, acusado na Justiça de formação de quadrilha e corrupção. Ele diz desconhecer esses casos, mas o estrago para sua imagem está feito.
Nesse ambiente, o apoio a Renan se torna mais evanescente. O Palácio do Planalto e o PT passaram por uma inflexão clara nas últimas semanas. Os petistas começaram defendendo Renan a qualquer custo. Com o passar dos dias, estrelas como Eduardo Suplicy e Aloizio Mercadante foram abordadas por eleitores. Passaram a ser mais críticos.
Lula, em público, repete seu bordão predileto -ninguém pode ser condenado sem julgamento. Em privado, deu ordens para que seus aliados não caminhem com Renan até o abismo de uma possível cassação.
Quando a revista "Veja" trouxe a primeira reportagem do caso, Renan teve um bom início. Fez logo um discurso em tom emocionado e foi abraçado publicamente pela maioria dos colegas. Aí ele resolveu aplicar uma goleada nos seus adversários: entregou todos os recibos e documentos sobre suas vendas de gado para a TV Globo.
Acreditava na simples divulgação do papelório, corroborando sua versão de ter rendimento para pagar a pensão a uma mulher com quem teve um relacionamento extraconjugal e uma filha. Deu errado: supostos compradores do gado negaram as operações.
A partir daí, embora tenha conquistado algumas vitórias pontuais, Renan só passou a contar com o tempo para salvá-lo. No início, achava exequível votar o caso no conselho e enterrar o assunto. Agora, espera passar os dias na esperança de um arrefecimento do assunto.


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