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ANÁLISE
Crise deixa senador cada dia mais fraco
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Desde o início da crise já conhecida como Renangate, em
25 de maio, a trajetória de Renan Calheiros apresentou altos
e baixos. No saldo geral, entretanto, a curva do poder político
do alagoano descreve uma trajetória descendente constante.
A cada dia ele fica mais fraco.
O fenômeno ocorre por duas
razões: a pressão da opinião pública e o temor dos senadores
de também acabarem sendo investigados. A segunda razão é a
mais importante.
O rebanho bovino milionário
do peemedebista tem aparecido diariamente nos telejornais
e até em programas de variedades -como o de Hebe Camargo. Mas a maioria dos políticos
avalia ser mínimo o efeito sobre
eles na eleição de 2010.
O grande problema são, como se diz no Salão Azul do Senado, "as balas perdidas". A mídia está compelida a investigar
todas as personagens relacionados ao escândalo. Senadores
do Conselho de Ética ou que se
mostram muito favoráveis a
Renan atraem os holofotes.
Tome-se Leomar Quintanilha, do PMDB de Tocantins. A
maioria teria pouco interesse
por esse político em tempos de
calmaria. Hoje, já se sabe do
passado encrencado de Quintanilha, acusado na Justiça de
formação de quadrilha e corrupção. Ele diz desconhecer esses casos, mas o estrago para
sua imagem está feito.
Nesse ambiente, o apoio a
Renan se torna mais evanescente. O Palácio do Planalto e o
PT passaram por uma inflexão
clara nas últimas semanas. Os
petistas começaram defendendo Renan a qualquer custo.
Com o passar dos dias, estrelas
como Eduardo Suplicy e Aloizio Mercadante foram abordadas por eleitores. Passaram a
ser mais críticos.
Lula, em público, repete seu
bordão predileto -ninguém
pode ser condenado sem julgamento. Em privado, deu ordens
para que seus aliados não caminhem com Renan até o abismo
de uma possível cassação.
Quando a revista "Veja" trouxe a primeira reportagem do
caso, Renan teve um bom início. Fez logo um discurso em
tom emocionado e foi abraçado
publicamente pela maioria dos
colegas. Aí ele resolveu aplicar
uma goleada nos seus adversários: entregou todos os recibos
e documentos sobre suas vendas de gado para a TV Globo.
Acreditava na simples divulgação do papelório, corroborando sua versão de ter rendimento para pagar a pensão a
uma mulher com quem teve
um relacionamento extraconjugal e uma filha. Deu errado:
supostos compradores do gado
negaram as operações.
A partir daí, embora tenha
conquistado algumas vitórias
pontuais, Renan só passou a
contar com o tempo para salvá-lo. No início, achava exequível
votar o caso no conselho e enterrar o assunto. Agora, espera
passar os dias na esperança de
um arrefecimento do assunto.
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