São Paulo, sexta-feira, 05 de agosto de 2005

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Fundo confirma encontro com banco português

DA REPORTAGEM LOCAL

Um grupo de dirigentes de fundos de pensão viajou a Portugal, em novembro último, a convite do BES (Banco Espírito Santo). O objetivo, segundo Guilherme Lacerda, presidente da Funcef (fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal), foi conhecer a experiência em parcerias público-privadas naquele país.
Além do dirigente da Funcef, viajaram representantes da Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobras), Fapes (BNDES), Valia (Vale do Rio Doce), Fusesc (Companhia de Desenvolvimento do Estado de SC), Previg (Sociedade de Previdência Complementar) e Sergus (Banco de Sergipe). Lacerda diz que o convite partiu de Marcos Grillo, diretor do BES.
Em nota, a Funcef informa que "o interesse em conhecer a experiência portuguesa se baseia na atuação da Funcef na discussão do projeto de lei das Parcerias Público-Privadas no Brasil, juntamente com outros fundos de pensão e investidores institucionais".
Lacerda nega ter sido um dos articuladores dessa viagem. E contesta as especulações de que teria feito "lobby" para aproximar dirigentes do BES com gestores de fundos de pensão: "Não temos nenhum negócio com o banco".
Lacerda diz que o escândalo do "mensalão", que trouxe à tona o episódio da visita de Marcos Valério ao grupo Portugal Telecom, não terá efeitos nas relações com os fundos de pensão: "Não tem o que afetar, porque não aconteceu nada. Não houve negócios".
"A relação que eu tenho com o banco foi a partir da Funcef, quando eles nos procuraram a respeito de PPPs. Eu nem sabia que o BES tinha ligação com a Portugal Telecom. Só fiquei sabendo lá. Nossa discussão foi só sobre fundos de pensão", diz.
"Nunca houve encontro antes da viagem", diz. O presidente da Funcef confirma que, meses depois da viagem, participou de um jantar, no Rio de Janeiro, com o presidente do BES, Ricardo Salgado, a convite de Marco Aurélio Grillo e Paulo Vasconcellos, diretores do banco. "Jantamos, não houve mais nada. Não temos nenhum relacionamento", diz.
Filiado ao PT desde 1983, Lacerda atuou nas campanhas presidenciais de Lula em 1989 e 1994 como membro do grupo de economistas do partido. Ligado ao mesmo grupo político de José Dirceu, nega que tenha sido indicado para o cargo pelo ex-ministro: "Essa relação política é uma referência. Entenderam que eu era uma pessoa capacitada".
O presidente da Funcef diz que não conhece Marcos Valério.
"Quem me convidou para o Funcef foi Jorge Mattoso, presidente da Caixa Econômica Federal, que foi meu professor em Campinas. Participei das outras campanhas do Lula como economista. Fui convidado, evidentemente, pelo padrão técnico e pela confiança política".
(FREDERICO VASCONCELOS)


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