São Paulo, sexta-feira, 05 de agosto de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/GUERRA NA CPI

Líder tucano questiona documentos exibidos pela senadora Ideli Salvati (SC) e afirma que serviço pode não ter sido executado

Petista acusa Serra de ter caixa 2 em 2002

DO ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A senadora Ideli Salvati (PT-SC) acusou ontem o PSDB de não contabilizar oficialmente gastos da campanha do então candidato a presidente José Serra, em 2002. A afirmação, feita na CPI dos Correios, foi usada pela senadora para questionar a convocação da sócia do publicitário Duda Mendonça, Zilmar Fernandes da Silveira, para prestar depoimento à comissão sobre os R$ 15,5 milhões que teria recebido da SMPB, empresa da qual é sócio o publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza.

Isonomia
"Tudo o que aparecer aqui tem de ter isonomia", afirmou Ideli. "O PT abriu seu sigilo bancário, e tinha mesmo de o fazer, mas creio que todos os partidos têm de tomar a mesma iniciativa", propôs. "Porque, se não abrirem, eu vou fazer um requerimento nesse sentido", ameaçou.
Ideli exibiu dois contratos de prestação de serviços assinados em 15 de agosto de 2002 entre a comissão financeira da campanha de Serra à Presidência, representada pelo deputado Márcio Fortes (PSDB-RJ), e as empresas Computer Graphics Produções Cinematográficas e Intertrade Brasil, Telecomunicações, Multimídia e Representações Ltda.
O primeiro contrato tem valor de R$ 18 milhões. O segundo, soma R$ 1,4 milhão. O pagamento de ambos se daria em duas parcelas. Além dos contratos, a senadora apresentou duas notas fiscais da Intertrade, cada uma no valor de R$ 700 mil.
Na prestação de contas do PSDB disponibilizada no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), relativa aos custos da campanha presidencial de 2002, o comitê financeiro do partido registra pagamentos que totalizam apenas R$ 2,435 milhões, no caso da Computer Graphics, e R$ 700 mil para a Intertrade, valores menores do que os exibidos pela senadora.
"A campanha do Serra não contabilizou a dívida total das despesas de campanha com essas empresas", acusou a senadora.
"Se a sócia do Duda Mendonça vai vir aqui, têm de vir também os publicitários e tesoureiros das outras campanhas." Ideli procurou evitar a caracterização de sua proposta como uma retaliação à oposição. "Não venham nos dizer que vai ser um toma-lá-dá-cá."

Outro lado
O deputado Alberto Goldman (PSDB-SP), líder do partido na Câmara, foi escalado para falar em nome da legenda. Goldman questionou os documentos apresentados pela senadora e afirmou que "a existência de um contrato não significa que o serviço foi executado".
O líder tucano também disse que as duas notas fiscais da Intertrade, no valor de R$ 700 mil cada uma, da mesma forma "não significam que o trabalho foi feito". Questionado pela Folha se o PSDB manteve caixa dois na campanha de 2002, o líder do partido disse que não é dirigente do partido e que não podia falar a respeito das finanças da campanha daquele ano.
Goldman criticou a atitude de Ideli Salvati. Para o líder tucano, "este é um papel muito mesquinho de uma senadora". (CHICO DE GOIS, FERNANDA KRAKOVICS e LEILA SUWWAN)

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