São Paulo, sexta-feira, 05 de agosto de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

OAB sugere que Lula consulte conselho

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Roberto Busato, sugeriu ontem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a convocação imediata do Conselho da República para auxiliá-lo na superação da atual crise política.
O conselho, embora pouco conhecido, existe no país desde a Constituição de 1988. E, segundo advogados constitucionalistas consultados pela Folha, nunca foi acionado por um presidente da República.
Para o presidente da OAB, Lula deveria fazer dois movimentos: consultar o conselho e, depois, vir a público e declarar "o que sabe e o que aconteceu nos porões de seu governo", se tinha conhecimento da atuação da cúpula petista no escândalo do "mensalão".
"Lula é a autoridade máxima do país. Cabe a ele a responsabilidade de resolver um problema que nasceu de dentro para fora, uma crise inédita e gravíssima na história do país", disse Busato.
A proposta de acionar o Conselho da República foi apresentada ontem por Busato durante um café da manhã solicitado pelo presidente nacional do PT, Tarso Genro, em São Paulo.
Após ouvir a sugestão, Tarso se declarou favorável à idéia que, segundo ele, pode ser a chave para o governo federal sair da crise. "O conselho não foi criado na Constituição de 1988 para tirar autoridade do presidente, mas para auxiliá-lo em momentos de crise."
"E o momento de crise está aí", completou Busato. "O próprio presidente reconhece que há uma crise institucional no país."
Caso aceite a sugestão, Lula terá entre os conselheiros o vice, José Alencar (PL), o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado, Severino Cavalcanti (PP) e Renan Calheiros (PMDB), respectivamente.

Palanque
Busato criticou ontem o fato de o presidente Lula, no momento de crise, ter se voltado para os movimentos sociais em busca de uma sustentação política. "Não estamos nada contentes com isso. O presidente deve respeito a todas as forças que o elegeram, não a um segmento."
Setores da oposição acusam Lula de, na pior crise de sua administração, buscar apoio apenas entre movimentos sociais e sindicatos.
"Essa é uma tática equivocada de debelar a crise. Não é com política de palanque que a situação será resolvida", afirmou Busato.
Cauteloso, Tarso afirmou que Lula pode conversar com os movimentos populares, mas não se restringir a eles. "Vou transmitir ao presidente o teor da conversar. A conveniência será medida pelo próprio presidente de República."


Texto Anterior: Presidente diz que faz pressão para juro baixar
Próximo Texto: Escândalo do "mensalão"/Retórica da crise: Presidente usa mãe como exemplo e chora
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.