São Paulo, quinta-feira, 05 de setembro de 2002

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ELEIÇÕES 2002

A convite de amigo de Sarney, petista aceita debater com ex-ministros e oficiais de alta patente

Lula estreita laços com militares

PLÍNIO FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, consolidará sua aproximação com os militares em encontro no próximo dia 13 no Rio de Janeiro. Lula aceitou convite para debater com ex-ministros militares, oficiais da ativa e da reserva e diplomatas.
Os temas são o papel das Forças Armadas, a defesa nacional e a política externa. Lula atenderá a chamado da Fundação de Altos Estudos de Política e Estratégia, da Escola Superior de Guerra (ESG), presidida pelo general Leônidas Pires Gonçalves, que diz que o convite foi enviado a todos os candidatos, mas só o petista confirmou presença até agora.
Leônidas Pires Gonçalves foi ministro do Exército de 1985 a 1990, em todo o governo José Sarney. O senador maranhense anunciou há duas semanas apoio à candidatura Lula. Gonçalves nega vínculo entre uma coisa e outra. "Sou grande amigo dele, mas ninguém está optando por A, B ou C. Nunca vi Lula na minha frente. Não digo quem apóio, porque voto é secreto."
Outro integrante do alto escalão militar do governo Sarney -o general Ivan de Souza Mendes, que comandou o Serviço Nacional de Informações- já afirmou que pretende votar no petista.
O debate de Lula na ESG será mais um gesto de boas relações do petista. Na semana passada, ele havia elogiado o crescimento econômico no governo Médici (1969-1974) e nesta semana confirmou reunião com Aureliano Chaves, vice-presidente do general João Baptista Figueiredo (1979-1985).
"Temos um diálogo positivo com as Forças Armadas, sem a visão da necessidade de abrir coisas do passado. Temos com eles conversas de alto nível, que não passam apenas pela questão salarial, mas por um orçamento compatível com a missão que têm", afirma o deputado José Genoino, um dos interlocutores do PT com os integrantes das três Forças.
As dificuldades orçamentárias das Forças Armadas facilitaram a aproximação de Lula com os militares, que vem sendo costurada desde a elaboração do programa de governo do petista em maio.
No texto foi incluída a defesa do "reequipamento material" das Forças Armadas e a afirmação de que o petista "reforçará, modernizará e prestigiará" as tropas.
"As Forças Armadas encontram-se com poucos recursos, não sendo capazes de oferecer a seus contingentes a formação e os meios compatíveis com as exigências da defesa nacional. É imperativo que o novo governo proponha ao Congresso Nacional um debate sobre o papel das Forças Armadas no período", diz o programa petista.
O ministro da Defesa, Geraldo Quintão, não será convidado para os debates com os presidenciáveis, segundo a Folha apurou. O orçamento do ministério no ano passado foi de R$ 20,7 bilhões, numa despesa total dos Três Poderes de R$ 950,2 bilhões. Em 2000, o ministério tinha orçado R$ 20,1 bilhões numa despesa total de R$ 616,4 bilhões. Esse é um exemplo dos militares para queixar-se da necessidade de mais investimentos.


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