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NO AR
Mais frio, mais crítico
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
Duda Mendonça, marqueteiro de Lula, falou que o
eleitor está menos apaixonado,
mais racional, e ecoou em Alexandre Garcia.
Um e outro devem saber, conhecedores que são das paixões
irracionais dos brasileiros, de
outras temporadas. No dizer de
Garcia:
- O eleitor está mais frio,
mais crítico em relação ao seu
próprio candidato.
Deve haver razões as mais variadas para isso, mas uma delas
pode ser lembrada desde logo.
Jamais a Rede Globo fez uma
cobertura de campanha presidencial com a proporção que faz
este ano.
E jamais a Rede Globo foi tão
agressiva, tão crítica, quanto
nas longas entrevistas das últimas semanas no Jornal Nacional, no Jornal da Globo, no Bom
Dia Brasil. Sobrou para os quatro presidenciáveis -diante do
telespectador-eleitor.
A emissora, que sempre gosta
de contar entre as suas glórias
históricas o impeachment e as
diretas-já, pode acrescentar
mais essa. Politizou o eleitor
brasileiro.
A campanha de José Serra
nem começou a atacar Lula, pelo menos não da maneira organizada com que atacou Ciro Gomes, e o petista já parte para o
confronto.
Os tucanos reclamaram da
"tabelinha" entre Lula, Ciro e
Garotinho no debate da Record.
De bate-pronto, Lula chamou
Serra de "chorão":
- O candidato não quer o
ônus da máquina do governo.
Só quer o bônus.
Quanto a Ciro, como destacou
o Jornal da Record, os repórteres
ainda procuram tirar dele mais
xingamentos ao tucano. Mas ele
se recusa, cara amarrada, como
se nem ouvisse.
A campanha de Ciro, se for
descontada a emoção toda das
estréias da indústria cultural,
como no filme de ontem, amontoa más notícias.
Seus correligionários ficam
responsabilizando um ao outro
pelo tombo na intenção de voto
-como Roberto Freire, ontem,
com ACM. E seu vice, dia após
dia, aparece na televisão ligado
ou respondendo a denúncias de
irregularidade.
Enquanto os outros três se
ocupam uns dos outros, Garotinho está mais sorridente do que
nunca. Garante à televisão, insistentemente:
- Vamos crescer e vamos para o segundo turno.
Faz até contas para provar, dizendo que vai herdar os pontos
que Ciro e Serra vierem a perder. Portanto, como declarou ao
Bom Dia Brasil, não é de seis
pontos a diferença, mas de "três,
na verdade".
E, claro, prosseguiu nos telejornais noturnos:
- Estou, com certeza, no segundo turno.
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