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PIPOCA E VOTO
Criador de rádio comunitária critica ausência de Lula, representado pelo vice em sessão de filme
Ciro diz sentir vergonha de ser político
Juca Varella/Folha Imagem
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Lívia, filha de Ciro Gomes, o candidato do PPS e sua mulher, Patrícia Pillar, assistem ao filme "Uma Onda no Ar", em São Paulo |
PATRICIA ZORZAN
LIEGE ALBUQUERQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
O candidato do PPS à Presidência, Ciro Gomes, afirmou
ontem, após sessão especial do
filme ""Uma Onda no Ar", em
São Paulo, ter sentido ""muita
vergonha" de ser político.
"Senti um sentimento dúbio.
Senti muita vergonha de ser político no Brasil", disse sob aplausos de cerca de 200 pessoas.
"Por outro lado, entretanto,
enquanto o meu nó de garganta
se desfazia e eu olhava a minha
filha do lado (...), aquela vergonha foi se dissipando. Porque
me lembrei de que estou contra
tudo isso e de que estou dando
tudo o que posso para derrotar
tudo isso. E vou me esforçar para
colaborar para que essas coisas
mudem", completou.
O filme, dirigido por Helvécio
Ratton, conta a história da Rádio
Favela, uma rádio comunitária
criada em um morro de Belo
Horizonte, e relata a perseguição
ao fundador da emissora.
Adolescente na ocasião, o criador da rádio, Misael Avelino dos
Santos, foi preso várias vezes.
Em uma delas, foi solto, de acordo com o filme, pela pressão
exercida por entidades civis durante um período eleitoral.
Acompanhado da mulher, a
atriz Patrícia Pillar, e da filha, Lívia, 18, Ciro participou da sessão
de divulgação social do filme,
patrocinada pelo Instituto Ayrton Senna. Além dele, Anthony
Garotinho (PSB), Rita Camata
(PMDB) -vice de José Serra
(PSDB)-, e José Alencar (PL)
-vice de Luiz Inácio Lula da Silva (PT)-, estiveram no evento.
Cada um deles recebeu uma
cópia do documento ""Por uma
política de juventude no Brasil",
preparado a pedido do instituto.
No momento em que um dos
protagonistas do filme é assassinado por engano no morro, Patrícia, depois de verificar estar
sendo observada pela imprensa,
franziu o rosto, preparando-se
para chorar. Ciro e Garotinho levaram os dedos aos olhos, em
um gesto característico de quem
enxuga lágrimas.
Em pelo menos mais duas ocasiões, o pepessista e a atriz ainda
ficaram com os olhos marejados. Em uma delas, quando a
presidente do instituto, Viviane
Senna, declarou, com a voz embargada, que, assim como aquela platéia, todos os pais deveriam
ter o direito de ter os filhos vivos.
A cena se repetiu após Viviane
afirmar que os jovens são a "verdadeira seleção [de futebol]"
que fará "o país vitorioso".
Já Rita Camata chegou a cochilar durante a exibição.
Depois de ter cumprimentado
Ciro e Patrícia duas vezes, no final do filme, Garotinho ainda se
dirigiu ao pepessista e disse a ele
que os dois precisavam conversar. "Claro, claro, depois vamos,
sim", respondeu Ciro, fazendo
um sinal positivo com o polegar.
O diálogo aconteceu dois dias
depois de os dois terem trocado
gentilezas no debate da Record.
O candidato do PPS foi elogiado publicamente pelo criador da
rádio. "Ele é parceiro. Teve a coragem de subir o morro." Apesar disso, Misael negou que essa
seja sua opção de voto. "Mas não
posso falar quem é porque tenho
peso por estar no filme."
Ele fez questão, entretanto, de
criticar indiretamente Lula.
"Vou falar do candidato que diz
que representa a periferia, mas
não veio. Ele não gosta de pobre.
Mandou um empresário. Já viu
patrão representar empregado?"
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