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Serra evita debate de modelo de exploração do petróleo no país
Consultores do tucano são contrários à mudança proposta pelo governo federal, mas veem discussão como "armadilha do PT"
Governador tem se limitado, em entrevistas, a condenar a imposição do regime de urgência para discussão
do projeto no Congresso
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Disposto a driblar o que os
tucanos chamam de "armadilha montada pelo PT", o governador de São Paulo, José Serra,
evita se manifestar sobre a polêmica em torno da mudança
do modelo de exploração do petróleo no Brasil.
Os principais consultores de
Serra são contrários à mudança
de marco regulatório proposta
pelo governo -segundo o qual
o consórcio partilha com a
União o óleo extraído no país,
em vez de pagar pelo direito de
exploração-, mas, segundo tucanos, ele não pretende entrar
no debate, sob argumento de
que cairia na estratégia do PT.
Na internet, petistas, como o
presidente nacional do partido,
Ricardo Berzoini (SP), acusam
o PSDB de privatista.
Presidente do Instituto Teotonio Vilela, Luiz Paulo Vellozo
Lucas (ES), diz que essa é uma
"armação" do governo. "O projeto do governo é um "frankenstein". Eles não tratam o assunto
com seriedade e querem dizer
que a oposição é entreguista e
privatista", reagiu Vellozo Lucas, que comparou a estratégia
do governo à dos nazistas que
incendiaram o Reischtag (Parlamento alemão) para responsabilizar os comunistas.
Segundo Vellozo Lucas, o
PSDB se manifestará no Congresso. "Não é o governador
que deve falar sobre isso."
Presidente da Emplasa (Empresa Paulista de Planejamento
Metropolitano), o ex-deputado
Márcio Fortes afirma que, graças ao modelo atual, a Petrobras cresceu e foi possível a
descoberta de novas reservas
de petróleo no país (o pré-sal).
"Mantido o modelo atual, já
estaria entrando dinheiro. As
empresas interessadas já estariam pagando [para explorar as
novas reservas]", alegou.
Segundo um interlocutor de
Serra, como não se conhece o
potencial das reservas, seria temerário optar por um modelo
de partilha do óleo extraído.
Sarney
No PSDB, a avaliação é de
que a discussão do pré-sal mudou a agenda do Congresso Nacional, antes desfavorável ao
governo federal. Desde segunda-feira, a crise do Senado
-marcada pelas denúncias
contra o presidente da Casa,
José Sarney (PMDB-AP)- deu
lugar ao debate sobre o pré-sal.
Blindada depois de ter defendido Sarney, a ministra da Casa
Civil, Dilma Rousseff, reaparece agora como porta-voz do governo em matéria de pré-sal.
Além disso, segundo tucanos,
as reservas atraem os empreiteiros (potenciais colaboradores de campanha) interessados
na exploração do petróleo.
Outro ponto delicado que
Serra deverá evitar é a discussão dos royalties. No PSDB, é
encarado como um debate que
não diz respeito a São Paulo e
que sempre terá um Estado
contrariado.
Por isso o partido preferiria
adiar todo o debate.
Em entrevistas, Serra limitou-se a condenar o regime de
urgência para discussão do projeto no Congresso. Na semana
passada, ele chegou a insinuar
motivação eleitoral na pressa
do governo.
Criticando uma "antecipação
exagerada", Serra disse que havia "uma pressão monumental
a esse respeito". "A pressa está
sendo exagerada", disse.
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