São Paulo, sábado, 05 de setembro de 2009

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Planilha de Lula compara seu "legado" ao de FHC

EDUARDO SCOLESE
SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Sob determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, uma equipe formada por funcionários de sua extrema confiança está encarregada de trabalhar na criação e no abastecimento de uma matriz digital com o objetivo de produzir com rapidez tabelas temáticas e comparativas entre as gestões tucana (1995-2002) e petista (2003-2010).
Auxiliares mais próximos ao gabinete presidencial deram a essa operação o nome de "gabinete do legado". A ideia é que a estrutura desse sistema informatizado esteja pronta até o final do ano para, em 2010, ser apenas abastecido com dados atualizados.
Três funcionários estão incumbidos dessa tarefa: os assessores especiais Clara Ant e Swedenberg Barbosa, conhecido como Berg, e o chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho.
Esse trabalho, segundo foi relatado à Folha, é fruto de uma obsessão do presidente aliada à angústia com a aproximação das eleições e do fim de seu mandato.

Registro
Desde o começo do ano, Lula tem insistido em discursos e entrevistas país afora na orientação a seus ministros para que registrem todas as conquistas do governo em cartório.
Ele chegou a sugerir, em um evento sobre o combate à pobreza, no mês passado, que os ministros façam um vídeo ou um documentário para mostrar suas realizações. Nesse evento, disse que seu governo quebrou "paradigmas" e que, quem vier, se não superar o que fez, terá "vida curta".
"Uma coisa que eu acho que é importante deixar como legado para quem vier [depois] de nós é um novo paradigma. A pessoa tem que fazer mais do que nós fizemos. Se fizer menos, vai ter uma vida muito curta no governo", disse. E continuou: "O que nós queremos é registrar um paradigma para que todo mundo possa cobrar: se fulano pôde fazer cinco, por que beltrano não pode fazer seis?", afirmou.
Ao cobrar seu primeiro escalão e repetir a expressão "eu plantei, eu quero colher", Lula quer números para abastecer essas planilhas comparativas com o antecessor, Fernando Henrique Cardoso.
Nessas planilhas, além de metas e execuções, busca priorizar o número de beneficiários para cada item, como empregos formais, matriculados em universidades, transferência de renda.
Para não deixar os ministros perderem o foco, o presidente pediu a assessores que, durante viagens que costumam fazer pelo país, gravem depoimentos com reclamações e sugestões de eleitores para depois, em reuniões, poder cobrar de sua equipe resultados dos pedidos.



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