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Planilha de Lula compara seu "legado" ao de FHC
EDUARDO SCOLESE
SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sob determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
uma equipe formada por funcionários de sua extrema confiança está encarregada de trabalhar na criação e no abastecimento de uma matriz digital
com o objetivo de produzir com
rapidez tabelas temáticas e
comparativas entre as gestões
tucana (1995-2002) e petista
(2003-2010).
Auxiliares mais próximos ao
gabinete presidencial deram a
essa operação o nome de "gabinete do legado". A ideia é que a
estrutura desse sistema informatizado esteja pronta até o final do ano para, em 2010, ser
apenas abastecido com dados
atualizados.
Três funcionários estão incumbidos dessa tarefa: os assessores especiais Clara Ant e
Swedenberg Barbosa, conhecido como Berg, e o chefe de gabinete do presidente Lula, Gilberto Carvalho.
Esse trabalho, segundo foi
relatado à Folha, é fruto de
uma obsessão do presidente
aliada à angústia com a aproximação das eleições e do fim de
seu mandato.
Registro
Desde o começo do ano, Lula
tem insistido em discursos e
entrevistas país afora na orientação a seus ministros para que
registrem todas as conquistas
do governo em cartório.
Ele chegou a sugerir, em um
evento sobre o combate à pobreza, no mês passado, que os
ministros façam um vídeo ou
um documentário para mostrar suas realizações. Nesse
evento, disse que seu governo
quebrou "paradigmas" e que,
quem vier, se não superar o que
fez, terá "vida curta".
"Uma coisa que eu acho que é
importante deixar como legado
para quem vier [depois] de nós
é um novo paradigma. A pessoa
tem que fazer mais do que nós
fizemos. Se fizer menos, vai ter
uma vida muito curta no governo", disse. E continuou: "O que
nós queremos é registrar um
paradigma para que todo mundo possa cobrar: se fulano pôde
fazer cinco, por que beltrano
não pode fazer seis?", afirmou.
Ao cobrar seu primeiro escalão e repetir a expressão "eu
plantei, eu quero colher", Lula
quer números para abastecer
essas planilhas comparativas
com o antecessor, Fernando
Henrique Cardoso.
Nessas planilhas, além de
metas e execuções, busca priorizar o número de beneficiários
para cada item, como empregos
formais, matriculados em universidades, transferência de
renda.
Para não deixar os ministros
perderem o foco, o presidente
pediu a assessores que, durante
viagens que costumam fazer
pelo país, gravem depoimentos
com reclamações e sugestões
de eleitores para depois, em
reuniões, poder cobrar de sua
equipe resultados dos pedidos.
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