UOL

São Paulo, domingo, 05 de outubro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PERSONAGENS

"Agora, será difícil mudar"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Antonio Delfim Netto, 78, deputado federal do PP de São Paulo, era deputado pelo mesmo partido (então chamado de PDS) em 1988. Durante muitos anos, foi o homem forte da área econômica do regime militar (1964-1985). Atuou no Congresso constituinte nas questões econômicas:
"O problema da Constituição brasileira é que o tamanho dela é inversamente proporcional ao desenvolvimento do país. É uma prova acabada do nosso subdesenvolvimento. É até um milagre observar o que hoje ainda acabou restando de coerência no país. Ainda assim, o prólogo do texto define muito bem o tipo de nação que o Brasil deseja ser. E com a eleição do presidente Lula, a Constituição completa a sua maturação. Foi um passo qualitativo enorme essa alternância no poder. Quando o texto foi promulgado, havia dois grupos importantes contrários. Um deles era de um homem só, o Roberto Campos [morto em outubro de 2001]. Ele achava o texto muito socialista. O outro grupo era liderado pelo PT, que achava tudo muito capitalista. A Constituição foi escrita antes da queda do Muro de Berlim, quando o PT ainda acreditava numa sociedade sem classes. Hoje, com as reformas, o texto está esquecendo a idéia de transformar o mundo. Ficou com a idéia de adaptá-lo. Apesar dos seus problemas, é importante que não levemos a Constituição na flauta. Tenho muita dúvida se uma miniconstituinte seria possível. O poder constituinte emerge de uma quebra do poder original. Agora, acho que será difícil pensar em mudar alguma cláusula pétrea."


Texto Anterior: Antigas polêmicas ainda envolvem a Constituição de 88
Próximo Texto: "Esquerda ficou contra revisão"
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.