DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Nelson Jobim, 57, ministro do Supremo Tribunal Federal, era deputado federal do PMDB do Rio Grande do Sul no Congresso constituinte em 1988. Cinco anos depois, em 1993, foi o relator da Revisão Constitucional:
"Não acho que seja possível dizer que o texto constitucional seja bom ou ruim. É um texto que foi produzido pelo momento histórico. Hoje, faz-se um ajustamento daquilo que foi produzido com os olhos no retrovisor em 1988. Na época em que o texto foi redigido, já havia consenso sobre a ordem democrática, mas não sobre a ordem econômica. Em 1993, a Revisão Constitucional não saiu porque o PT e a esquerda, inclusive do PMDB, eram contra. O governo do então presidente Itamar Franco era contra. Em 1988, o PT era contra a Constituição e até não queria assiná-la. Em 1993, cinco anos depois, passou a defendê-la. A esquerda toda ficou contra a revisão. Havia um argumento sobre a impropriedade de fazer uma mudança drástica tão cedo. Diziam ser necessário esperar mais. A temática da revisão era a ordem econômica, mas o presidente Itamar era nacionalista e defendia a manutenção de alguns monopólios. Ainda assim, eu acho que 1993 serviu de ante-sala para aquilo que acabou se dando em 1995, com as reformas que quebraram vários monopólios. O choro e o ranger de dentes se deu em 1993 e facilitou a abertura de 1995. Acho que o texto é historicamente correto. A última emenda que precisava ser aprovada foi agora, que trata do sistema financeiro. Nosso modelo é o de ir mudando sem ruptura."


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