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São Paulo, domingo, 05 de outubro de 2003

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"Parece canteiro de obras eterno"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Bernardo Cabral, 71, era deputado federal (PMDB-AM) em 1988, quando ocupou o cargo de relator da Comissão de Sistematização do Congresso Constituinte. Ganhou o cargo derrotando, entre outros candidatos, o então senador Fernando Henrique Cardoso. Foi ministro da Justiça no governo Collor e hoje, aposentado, vive no Rio:
"Teria sido melhor ter aprimorado alguns trechos antes da promulgação, em 1988. Mas, se nós disséssemos naquela época que iríamos privatizar a Vale do Rio Doce, as teles, quebrar os monopólios, seríamos chamados de loucos. Falar em privatizar naquela época era loucura, era para ser chamado de louco. Nós tínhamos ainda duas fronteiras ideológicas que influenciavam muito: o capitalismo e o socialismo. Fizemos bem em deixar nas disposições transitórias uma data prevista, em cinco anos, para fazer uma revisão do texto que estava sendo aprovado. Quando chegou 1993, todos achavam que Lula era o candidato mais forte para a eleição presidencial. Por isso, quiseram reduzir o mandato de cinco para quatro anos. Havia um vício de origem que prejudicou a revisão de 1993. Não conseguimos aprovar o parlamentarismo. Se tivéssemos conseguido aprovar o regime parlamentarista, haveria um sistema mais racional de construção de maioria no Congresso. Diminuiria muito o troca-troca partidário, a distribuição franciscana de favores. Também é por essa razão, um pouco, que tivemos tantas emendas constitucionais. O texto parece um eterno canteiro de obras."


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