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JANIO DE FREITAS
Campanha a caminho
Criticou-se muito a campanha de Alckmin, mas a de Lula foi péssima. Nem um só instante de originalidade ou simpatia
O TABU QUEBROU-SE, e a difundida idéia da invencibilidade
de Lula substitui-se, com fácil constatação nas mais diversas
áreas, pela admissão perplexa de
que o segundo turno pode ser vencido por qualquer dos dois. O que já
tem, para Alckmin, o valor de uma
vitória inicial e necessária às suas
pretensões. Embora em equilíbrio,
os dois estão, no entanto, em situações muito diferentes. Para Alckmin, trata-se de avançar por caminhos virgens, até aqui, nas suas conquistas do eleitorado. Ao passo que
Lula, antes de buscar conquistas para vencer, precisa recuperar o longo
percurso do seu recuo, do ponto em
que caiu no primeiro turno até ponto avançado em que esteve. Esforço
tão mais problemático quanto foi a
contribuição, para essa perda, de
sua campanha.
Criticou-se muito a campanha de
Alckmin, mas a de Lula foi péssima.
Nem um só instante de originalidade, nem um breve momento de simpatia. Presunção, desafios e agressividade fizeram, combinados, o estilo da comunicação de Lula com o
eleitorado em geral. Se ainda houvesse motivos ocasionais para isso,
vá lá, mas nem os problemas criados
pelo PT o foram, porque só se tornaram embaraços de campanha por
falta de sensatez e, se não for pedir
demais, alguma criatividade. Em
vez dos irados e rápidos comentários sobre dossiê, fotos, mensalão, o
eleitorado esperou por abordagens
francas e calmas dos esclarecimentos devidos. Esperou em vão. E deu
sua resposta.
Lula não absorveu a lição de sua
disputa, em 2002, com José Serra/
Nizan Guanaes. Não está sozinho.
Heloísa Helena não aprendeu nem
a lição de que foi vítima. Sua "proibição" de que "filiados do PSOL digam publicamente em quem vão
votar", por ter ela decidido pela
omissão do partido no segundo turno, vem do mesmo autoritarismo tirânico que a expulsou do PT por discordar da reforma previdenciária.
Ainda bem que outros fundadores
do PSOL, como Chico Alencar e
Ivan Valente, não se dispõem a ser o
"gado" a que Heloísa Helena também se referiu.
Quem aparenta ter bastante a
aprender, em política, é Denise
Frossard. Induzida pela reação de
Cesar Maia ao entendimento Alckmin/Garotinhos, radicalizou ainda
mais e proclamou sua recusa a
apoiar Alckmin ou ser por ele apoiada. Isso, quando a reunião do PSDB
do Estado do Rio repelia o apoio ao
peemedebista Sérgio Cabral e encaminhava, contra ele, a adesão a Denise Frossard. Pendente só de negociações, que os peessedebistas fluminenses não as dispensam jamais.
A reação de Cesar Maia se explica
por ter ele a posição mais privilegiada na candidatura de Frossard, e não
querer outras influências nas redondezas. Os Garotinhos têm no interior do Estado um contingente eleitoral muito forte, como sabe e, por
ora, agradece Sérgio Cabral. Este,
aliás, tão aberto às lições políticas do
passado, que vai apoiar Lula enquanto os Garotinhos vão de Alckmin, no que muita gente supõe haver crise e há, apenas, duplicação de
horizontes acertada entre Cabral e
seus principais apoiadores.
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