São Paulo, quinta-feira, 05 de outubro de 2006

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Relator recomenda cassação de Suassuna

Para Jefferson Péres, senador do PMDB deve ser punido por "condescendência criminosa" com esquema

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Relator do processo no Conselho de Ética, o senador Jefferson Péres (PDT-AM) recomendou ontem a cassação do mandato do senador Ney Suassuna (PMDB-PB) por "condescendência criminosa", devido ao envolvimento de seu ex-assessor Marcelo de Carvalho com a máfia dos sanguessugas. Para o relator, Suassuna também se beneficiou do esquema.
O senador Wellington Salgado (MG), que substituiu Suassuna na liderança do PMDB, pediu vistas do parecer e pretende apresentar um relatório alternativo, sugerindo uma punição mais branda.
Suassuna não conseguiu se reeleger. Se o pedido de cassação for aprovado pelo Conselho de Ética e depois pelo plenário do Senado, ele perderá seus direitos políticos por oito anos.
Péres não encontrou provas do envolvimento direto de Suassuna na quadrilha nem indícios de que ele tenha recebido parte da propina paga a seu assessor. O caso foi encaminhado ao Conselho de Ética pela CPI dos Sanguessugas, que também pediu a cassação dos senadores Serys Slhessarenko (PT-MS) e Magno Malta (PL-ES), além de 69 deputados.
O então assessor de Suassuna recebeu R$ 222,5 mil da família Vedoin. Ao se defender, Suassuna atacou Péres. "Está bonito o parecer, mas está subjetivo. O relator quer arranjar um símbolo e eu não me presto a esse papel", disse o senador, que chegou a chorar.
Ele ainda acusou Péres de empregar a mulher em seu gabinete. "Ela nunca recebeu um centavo. Não queira levar para o lado pessoal", disse o relator. Marlídice é juíza aposentada. "Sou acostumada a trabalhar a vida inteira. Para não ficar palitando os dentes ajudo meu marido", justificou ela.
O fato de Péres ter afirmado em seu relatório que não há provas de envolvimento direto de Suassuna com a máfia dos sanguessugas abre uma brecha para que o PT e outros partidos da base aliada votem contra sua cassação.
"Se o senhor fosse juiz em um país com pena de morte todos seriam guilhotinados", disse Salgado, que pretende apresentar um relatório alternativo.


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