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Lula fala sobre Haiti e cobra cooperação
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO
Em discurso ontem na sessão
inaugural da reunião do Grupo
do Rio, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva convocou países da
América Latina e do Caribe a
atuarem "conjuntamente" na reconstrução do Haiti, pela reforma
do Conselho de Segurança da
ONU e contra "práticas discriminatórias" do comércio mundial.
Lula, que falou por exatos dez
minutos, não citou nominalmente Cuba, mas fez questão de repetir a necessidade de um amplo
diálogo entre os países.
"Temos hoje a clara consciência
de que os conflitos e os problemas
que enfrentamos são maiores e
mais complexos do que a nossa
capacidade de equacioná-los individualmente. Nenhum país pode prescindir do diálogo e da cooperação." E completou: "Espero
que o encontro possa comprovar
a nossa capacidade de atuar conjuntamente e oferecer as respostas concretas reclamadas por nossos povos".
No evento, Lula reivindicou a
reforma no Conselho de Segurança da ONU, algo que já se tornou
rotina em seus discursos diante
de outros chefes de Estado. "A
presença de países em desenvolvimento entre seus membros permanentes é fundamental para assegurar a legitimidade e representatividade dos órgãos dedicados à
segurança coletiva."
Uma das principais bandeiras
do Itamaraty é reformar o conselho para conquistar uma cadeira
definitiva no órgão. Atualmente,
só Estados Unidos, Reino Unido,
França, Rússia e China são membros permanentes no conselho.
Para justificar a reforma, Lula
disse que o mundo encontra-se
num "momento decisivo", em
que a comunidade internacional é
convocada para "refletir" sobre a
"atualização da estrutura política
de preservação da paz".
Em relação ao Haiti, onde há
quatro meses o Brasil chefia uma
missão de paz da ONU, ele cobrou de novo uma participação
mais ativa da comunidade internacional. "É preciso que a comunidade internacional se mobilize
para atender às necessidades prementes do povo haitiano."
E fez uma cobrança direta aos
chefes de Estado presentes no
evento: "A nossa solidariedade regional está sendo testada na grave
crise por que passa o Haiti".
Ontem, antes de falar, Lula ouviu o discurso de seu colega peruano, Alejandro Toledo, no qual
disse que os países devem "estender a mão solidária ao Haiti".
Lula falou da necessidade de
ação internacional contra a fome
e a pobreza e das recentes conquistas brasileiras na OMC (Organização Mundial do Comércio).
(EDUARDO SCOLESE e ANDRÉ SOLIANI)
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