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PT NO DIVÃ
Críticos internos da gestão Marta vêem cortina de fumaça em acusação a Suplicy; governo critica fogo amigo
Para petistas, governo quer transferir ônus
SÍLVIA CORRÊA
RICARDO BRANDT
DA REPORTAGEM LOCAL
Setores do PT críticos ao governo de Marta Suplicy apontam a
responsabilização de Eduardo Suplicy pela derrota em São Paulo
como uma cortina de fumaça.
O objetivo do núcleo duro da
gestão municipal seria, segundo
eles, evitar a discussão sobre falhas do governo -que se reproduziram na campanha- e levaram ao fracasso eleitoral.
A acusação a Suplicy foi feita
por Valdemir Garreta, homem de
confiança da prefeita, em entrevista à Folha. Para alguns petistas,
integra uma estratégia maior.
"Eles saíram atirando porque
não desejam se responsabilizar
pelo erro fundamental: a política
de governabilidade", afirma o
economista Odilon Guedes.
"É a linha "a melhor defesa é o
ataque'", continua o arquiteto
Nabil Bonduki. "Eles têm de fazer
autocrítica. Governaram sozinhos", completa Carlos Giannazi.
Guedes, Bonduki e Giannazi são
vereadores da legenda, mas distantes do grupo que comandou o
Executivo. Expoente da resistência, Giannazi foi o único que se
reelegeu. "Foi uma demonstração
de que é possível fazer política
sem cargos, sem corrupção e sem
negociar com a velha direita", diz.
A negociação com a velha direita é o cerne da crítica desse setor
do PT à gestão de Marta -e, na
opinião deles, a origem da derrota
que o governo tenta esconder.
"A política da governabilidade
foi construída sobre a distribuição de cargos. O PT se afastou de
sua trajetória histórica de ética,
transparência e honestidade. Essa
contradição levou à derrota. A sociedade não agüenta mais. Essa
foi a questão", resume Guedes.
Os petistas dizem que a matriz
política da gestão de Marta enterrou o diálogo interno e externo,
levando ao autoritarismo e ao
afastamento da militância.
O governo reage. O deputado
federal José Mentor, ex-líder da
prefeita na Câmara, diz que falar
em falta de diálogo é um equívoco
e que "mesmo dentro da bancada
a prefeita encontrou oposição".
"Talvez aqueles que pudessem
ajudar mais na classe média não
tenham ajudado", rebate.
Pelo mapa de votação, os críticos da gestão estão entre os vereadores com mais penetração na
classe média. Mas o diagnóstico
deles é outro. "Aqui se desmontou um trabalho de quase dez
anos, sobretudo do Lula, para reduzir a resistência ao partido nos
setores médios, pois a interlocução com a sociedade foi malfeita.
Isso despertou apatia e rejeição",
diz Bonduki.
Colaborou CHICO DE GOIS, da Reportagem Local
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