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TODA MÍDIA
Bush e o sul
NELSON DE SÁ
A BBC e jornais mexicanos
destacavam ontem que, em
telefonema do presidente Vicente Fox a George W. Bush, o
americano "assegurou que no
segundo mandato vai buscar
uma relação mais próxima da
América Latina".
E mais não disse, pelos relatos.
Mas o americano "Miami Herald" dedicou extensa cobertura
às relações no hemisfério, que
abriu sublinhando:
- A segunda administração
Bush vai revisar sua política em
relação à América Latina para
assegurar que esteja no caminho
certo para promover a democracia, a segurança e a integração econômico, disseram funcionários do governo.
Não quer dizer muita coisa.
Mais à frente, os tais funcionários defenderam o histórico de
Bush na região, "apontando esforços conjuntos com o Brasil
na crise da Venezuela e a decisão
de Brasil, Argentina e Chile de
contribuir com tropas para a
força da ONU no Haiti".
O Haiti seria "uma preocupação maior" do novo mandato,
segundo "alto funcionário do
Pentágono", assinalando que os
EUA "sabem muito bem da deterioração da situação".
Mas tudo depende, quanto à
nova política de Bush em relação à América Latina, de quem
vai substituir o atual secretário
de Estado, Colin Powell.
O "Miami Herald" diz que três
nomes "circulam" em Washington: o embaixador na ONU,
John Danforth, o presidente da
Comissão de Relações Exteriores do Senado, Richard Lugar, e
a conselheira de Segurança Nacional, Condoleezza Rice.
Andres Oppenheimer, colunista do "Miami Herald" e da
CNN em espanhol, opinava ontem que "Bush será forçado a
dar mais atenção à região por
causa do estabelecimento de um
bloco hispânico de votos mais
poderoso na eleição".
Mais importante, os hispânicos -antes majoritariamente
democratas- se firmaram como "bipartidários".
Ainda mais importante, segundo uma pesquisa da Zogby,
70% dos eleitores hispânicos
nos EUA disseram que a política
em relação à América Latina é
uma questão que eles consideram importante na hora de decidir em quem votar.
Conclui Oppenheimer:
- Bush -e os sucessores-
não terão alternativa a não ser
criar pontes com a região. É uma
questão de voto, a única coisa a
que os políticos dão atenção.
Por aqui, o embaixador americano, John Danilovich, disse ao
"Valor" que "o Brasil vai indo
bem e não foi mencionado" na
campanha, o que "pode ser visto
como uma coisa boa".
E também Danilovich citou
elogiosamente a "manutenção
da paz no Haiti" como sinal de
que o Brasil "apóia a guerra contra o terror", embora não seja favorável à invasão no Iraque.
Enquanto o embaixador sublinhava que a reeleição permite a
retomada das negociações da
Alca, o chanceler brasileiro Celso Amorim parecia apostar em
outro sentido, ontem. Dele, segundo sites diversos:
- Se retomarmos [a Alca] no
ponto em que deixamos, creio
que podemos avançar rapidamente. Evidentemente, teria em
paralelo as negociações da Organização Mundial do Comércio, que, eu repito sempre, para
o Brasil são prioritárias.
SUSPENSE
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No "La Nación", Kirchner convida estudantes para a Casa Rosada |
Sites mexicanos noticiavam ontem que o presidente
Vicente Fox havia chegado ao Brasil. O mesmo faziam sites chilenos, peruanos e outros pela América Latina, com
seus respectivos presidentes.
Mas na Argentina as páginas iniciais do "La Nación" e
do "Clarín" destacavam que o presidente Néstor Kirchner, "sem dar a conhecer os motivos", suspendeu a viagem para a reunião do Grupo do Rio. Em lugar da viagem, ele avistou jovens estudantes pela janela da Casa
Rosada, saiu ao jardim e os convidou
para tirar fotos em
seu escritório. Foi algo "inusitado", segundo a descrição
do "La Nación".
Metáfora
A "Economist" buscou ontem
espelhar "o gosto de Lula pelas
metáforas de futebol". Disse que
ele chega ao "intervalo do jogo"
com "uma pequena vantagem".
Só que, passadas as eleições, "o
time já não está tão coeso como
poderia -e o outro lado ganhou novo ânimo".
Para a revista britânica, o governo teve vitórias e derrotas. As
últimas "podem torná-lo mais
cuidadoso, sobretudo quanto à
autonomia do Banco Central e a
reforma trabalhista":
- Mas isso seria uma pena. Se
Lula é sábio, ele vai gastar o segundo tempo do mandato no
ataque e não na defesa.
Um tributo
Nem todos reagem como
Larry Rohter ao programa nuclear brasileiro, nos EUA. O
"Miami Herald" deu editorial
com elogios à recém-adquirida
"capacidade para produzir urânio enriquecido, num tributo ao
esforço do Brasil de modernizar
a sua economia".
Sobre as inspeções, disse que
"ninguém acusa o Brasil de planos secretos para desenvolver
armas nucleares", mas defendeu
um acordo com a ONU.
Horas depois, as agências
americanas AP e UPI soltavam
despachos dizendo que a ONU
anunciava ter chegado, afinal, ao
acordo com o Brasil.
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