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"Inocentes pagarão pelos pecadores", diz Anderson Adauto ao prever necessidade de demissões para sanear pasta
Ministro ameaça "degola" nos Transportes
EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA
O ministro dos Transportes,
Anderson Adauto (PL), declarou
ontem que irá demitir quantos
funcionários forem necessários
nas próximas semanas a fim de
promover um "saneamento moral" e devolver "credibilidade" à
pasta. "Infelizmente, pela imagem do órgão, eu tenho certeza de
que inocentes pagarão pelos pecadores", disse Adauto.
Anteontem, o ministério suspendeu por prazo indeterminado
60 licitações, no total de cerca de
R$ 5 bilhões, para obras de infra-estrutura em transporte, incluindo a construção e duplicação de
estradas. O ministro justificou a
medida alegando que sua prioridade seria a recuperação de estradas já existentes. Mencionou também a prioridade dada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva às
ações sociais e disse ainda que até
junho pode rever casos "mais urgentes" após análise.
"Mais sério do que a questão financeira é a falta de credibilidade
que o ministério tem em todos os
campos. Precisamos fazer um saneamento moral. Sem isso, não
resolvo nada", disse Adauto.
Mutirão sem modelo
Além disso, o ministro afirmou
que pretende promover um mutirão das estradas em todo o país
para sanear seus notórios problemas estruturais, com ajuda das
prefeituras e governos estaduais.
"Vou propor um mutirão em
favor da recuperação das estradas. Ainda não tenho um modelo
definido", disse Adauto, prometendo entregar uma proposta a
Lula até o início de fevereiro.
"Hoje [ontem" eu vi a solução
acontecer numa ação conjunta",
disse, em referência à visita que
fez ao trecho da BR-267 que havia
sido interditado pela Polícia Rodoviária Federal, no interior de
Minas. O governador Aécio Neves
(PSDB), acompanhou o ministro.
"Eu tenho um compromisso
com o Lula. Ele quer que o Ministério dos Transportes funcione
dentro da ética e da moralidade,
como ele definiu para o governo."
Desmanche
Ontem, em entrevista à Agência
Folha, Adauto voltou a criticar o
extinto DNER, atual DNIT (Departamento Nacional de Infra-Estrutura em Transportes). Hoje, os
atuais diretores do DNIT irão pedir demissão. O pedido será aceito por Adauto, que imediatamente deve indicar novos nomes.
"O DNER está desmontado do
ponto de vista técnico, de diretrizes. O pessoal foi ficando numa
certa idade e se aposentando, não
teve concurso. Nos últimos anos,
não houve a lógica de construir
nada. Foi conveniente para eles [o
governo FHC] deixar assim."
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