São Paulo, segunda-feira, 06 de janeiro de 2003

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"Inocentes pagarão pelos pecadores", diz Anderson Adauto ao prever necessidade de demissões para sanear pasta

Ministro ameaça "degola" nos Transportes

EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA

O ministro dos Transportes, Anderson Adauto (PL), declarou ontem que irá demitir quantos funcionários forem necessários nas próximas semanas a fim de promover um "saneamento moral" e devolver "credibilidade" à pasta. "Infelizmente, pela imagem do órgão, eu tenho certeza de que inocentes pagarão pelos pecadores", disse Adauto.
Anteontem, o ministério suspendeu por prazo indeterminado 60 licitações, no total de cerca de R$ 5 bilhões, para obras de infra-estrutura em transporte, incluindo a construção e duplicação de estradas. O ministro justificou a medida alegando que sua prioridade seria a recuperação de estradas já existentes. Mencionou também a prioridade dada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva às ações sociais e disse ainda que até junho pode rever casos "mais urgentes" após análise.
"Mais sério do que a questão financeira é a falta de credibilidade que o ministério tem em todos os campos. Precisamos fazer um saneamento moral. Sem isso, não resolvo nada", disse Adauto.

Mutirão sem modelo
Além disso, o ministro afirmou que pretende promover um mutirão das estradas em todo o país para sanear seus notórios problemas estruturais, com ajuda das prefeituras e governos estaduais.
"Vou propor um mutirão em favor da recuperação das estradas. Ainda não tenho um modelo definido", disse Adauto, prometendo entregar uma proposta a Lula até o início de fevereiro.
"Hoje [ontem" eu vi a solução acontecer numa ação conjunta", disse, em referência à visita que fez ao trecho da BR-267 que havia sido interditado pela Polícia Rodoviária Federal, no interior de Minas. O governador Aécio Neves (PSDB), acompanhou o ministro.
"Eu tenho um compromisso com o Lula. Ele quer que o Ministério dos Transportes funcione dentro da ética e da moralidade, como ele definiu para o governo."

Desmanche
Ontem, em entrevista à Agência Folha, Adauto voltou a criticar o extinto DNER, atual DNIT (Departamento Nacional de Infra-Estrutura em Transportes). Hoje, os atuais diretores do DNIT irão pedir demissão. O pedido será aceito por Adauto, que imediatamente deve indicar novos nomes.
"O DNER está desmontado do ponto de vista técnico, de diretrizes. O pessoal foi ficando numa certa idade e se aposentando, não teve concurso. Nos últimos anos, não houve a lógica de construir nada. Foi conveniente para eles [o governo FHC] deixar assim."



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