São Paulo, segunda-feira, 06 de janeiro de 2003

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CULTURA

Ministro vista a Mangueira e anuncia Orlando Senna

Gil define nome para Audiovisual e quer Mindlin na Biblioteca Nacional

FERNANDO MAGALHÃES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

O ministro da Cultura, Gilberto Gil (PV), decidiu convidar o bibliófilo José Mindlin para presidir a Biblioteca Nacional no governo Lula. O contato deve ser feito nos próximos dias. Ontem de manhã, sem se referir publicamente a nomes, Gil afirmou que pretende definir até sexta-feira a questão.
A opção por Mindlin foi sacramentada na semana passada por Gil e assessores, conforme apurou a Folha. Ex-industrial (foi dono da Metal Leve) e crítico da política econômica do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), Mindlin tem uma biblioteca com cerca de 30 mil volumes.
A intenção do ministro da Cultura, caso o bibliófilo não aceite o convite, é pedir que ele sugira alguém para a função.
Indagado sobre o futuro presidente da Biblioteca Nacional, Gil não quis falar, na visita que fez ontem no Rio às escolas de samba Mangueira e Império Serrano.
À tarde, Mindlin, 88, afirmou não ter recebido convite. "Eu teria muita dificuldade para aceitar." Mas disse que analisaria a proposta, caso procurado pelo ministro. Mindlin mora em São Paulo. A biblioteca, que é uma fundação, fica no Rio.
Alas da esquerda do PT fluminense querem a nomeação do professor da Escola de Comunicação da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) Muniz Sodré para presidir a biblioteca.
De sua equipe, Gil adiantou ontem mais um nome: o cineasta Orlando Senna, 62, será convidado para a Secretaria do Audiovisual -órgão que coordena parte da atuação estatal na área de cinema. A intermediação foi feita pelo cineasta Cacá Diegues.
Senna integrou no Rio a equipe de Antônio Grassi na Secretaria Estadual de Cultura na gestão petista de Benedita da Silva (2002). Coordenou a escola de cinema e vídeo criada pelo escritor colombiano Gabriel García Márquez em San Antonio de los Baños, em Cuba. Co-dirigiu o filme "Iracema, uma Transa Amazônica" (1974).
Orlando Senna foi o único citado ontem por Gil. A Folha apurou outra escolha ainda mantida em sigilo: o poeta Wally Salomão para a Secretaria do Livro e Leitura.
Outros nomes foram anunciados antes do fim de semana. O vereador do PV em Salvador e ex-militante da luta armada contra o regime militar (1964-85) Juca Ferreira será o secretário-executivo do Ministério. É o cargo mais importante depois do de Gil.
O PT emplacou indicações na Secretaria do Patrimônio, Museu e Artes Plásticas (Márcio Meira, ex-secretário de Cultura de Belém-PA), na Secretaria da Música e Artes Cênicas (o ator Sérgio Mamberti) e na presidência da Fundação Nacional de Arte (Funarte, o ator Antônio Grassi).

No samba
Gil visitou as escolas de samba junto com o ministro da Cultura que o antecedeu, Francisco Weffort. O ministério desenvolve projetos em ambas as agremiações.
Na Mangueira, está sendo construído o Centro Cultural Cartola, um projeto de R$ 2 milhões. A pedido dos fotógrafos, Gil sambou.
No Império Serrano, o ministro tomou um copo de chope. "Não posso beber cerveja", disse. "Se bebo cinco copos de uísque, não acontece nada. Mas, se beber um copo de cerveja, eu sinto logo."
Ele disse que criará em São Paulo, por meio da Funarte, um "centro de formação de gestores da cultura", para atuar preferencialmente em áreas carentes.
Sobre a viagem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a regiões pobres, o ministro disse: "Estaremos avaliando o que poderemos levar e trazer também na área da cultura". Após as visitas, Gil definirá eventuais projetos.
Weffort disse que, por um ano, dará aulas na Universidade de Notre Dame, em Indiana (EUA).



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