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Presidente do Incra fez uso irregular de cartão em restaurantes e mercadinho
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e
Reforma Agrária), Rolf Hackbart, usou irregularmente o
cartão de crédito corporativo
do governo para pagar contas
em restaurantes em Brasília e
até em compras em um mercado para celebrar o "aniversariante do mês" no órgão.
Os gastos foram feitos entre
outubro de 2004 e março de
2006. Segundo entendimento
da Controladoria Geral da
União, gastos deste tipo são irregulares. A partir de abril de
2006, ele desistiu de usar o cartão porque, segundo sua assessoria, avaliou que as regras de
uso eram incertas.
Nesse período, Hackbart freqüentou restaurantes de culinária japonesa, italiana, árabe e
mineira, churrascarias, pizzaria, padaria e cafés. Quase todos
os gastos foram em Brasília. Ele
também pagou um "self-service" na praça de alimentação de
um shopping center.
Segundo o ministro da CGU,
Jorge Hage, o uso do cartão de
crédito do governo em Brasília
deve ser restrito a pequenas
quantias imprescindíveis e
emergenciais. Os dados levantados pela Folha estão no Portal da Transparência da CGU,
de acesso público.
Hackbart está à frente do Incra desde setembro de 2003.
A fatura do cartão mostra
que 2005 foi o ano em que ele
mais gastou com alimentação:
R$ 8.205,21. Esse valor corresponde a quase o total do cartão
-R$ 8.415,60. A diferença se
refere a um gasto único de R$
54,09 de gasolina e duas estadias em hotéis -R$ 156,30. É
no extrato de 2005 que aparece
o pagamento de R$ 102,19, na
véspera do Natal de 2004, no
restaurante Fred, que serve picadinho de carne em Brasília.
A consulta ao banco de dados
mostra que Hackbart usou o
cartão na padaria Bellini (R$
105,93), no mercadinho La Palma (R$ 32,37) e na farmácia
Nova Distrital (R$ 21,11), em
Brasília. No caso do mercado,
sua assessoria disse que ele fez
compras para celebrar o "aniversariante do mês" na equipe
de funcionários do órgão.
No ano de 2005, o restaurante favorito de Hackbart foi o
Dom Francisco, que funciona
na Academia de Tênis, em Brasília. Lá, ele foi sete vezes e desembolsou R$ 918. O levantamento mostra que ele gastou
em 2004 com restaurantes R$
1.346,52. Há apenas dois gastos
que não correspondem a alimentação, R$ 21,11 na farmácia
Nova Distrital e R$ 200 de hospedagem. Ele argumenta que
usou o cartão na farmácia devido a uma emergência.
Em 2006, Hackbart gastou
R$ 655,98. Apesar de argumentar que só utilizava o cartão para refeições de trabalho, consta
um pagamento de R$ 40,20 na
praça de alimentação do Brasília Shopping.
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