São Paulo, quarta-feira, 06 de fevereiro de 2008

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Presidente do Incra fez uso irregular de cartão em restaurantes e mercadinho

SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), Rolf Hackbart, usou irregularmente o cartão de crédito corporativo do governo para pagar contas em restaurantes em Brasília e até em compras em um mercado para celebrar o "aniversariante do mês" no órgão.
Os gastos foram feitos entre outubro de 2004 e março de 2006. Segundo entendimento da Controladoria Geral da União, gastos deste tipo são irregulares. A partir de abril de 2006, ele desistiu de usar o cartão porque, segundo sua assessoria, avaliou que as regras de uso eram incertas.
Nesse período, Hackbart freqüentou restaurantes de culinária japonesa, italiana, árabe e mineira, churrascarias, pizzaria, padaria e cafés. Quase todos os gastos foram em Brasília. Ele também pagou um "self-service" na praça de alimentação de um shopping center.
Segundo o ministro da CGU, Jorge Hage, o uso do cartão de crédito do governo em Brasília deve ser restrito a pequenas quantias imprescindíveis e emergenciais. Os dados levantados pela Folha estão no Portal da Transparência da CGU, de acesso público.
Hackbart está à frente do Incra desde setembro de 2003.
A fatura do cartão mostra que 2005 foi o ano em que ele mais gastou com alimentação: R$ 8.205,21. Esse valor corresponde a quase o total do cartão -R$ 8.415,60. A diferença se refere a um gasto único de R$ 54,09 de gasolina e duas estadias em hotéis -R$ 156,30. É no extrato de 2005 que aparece o pagamento de R$ 102,19, na véspera do Natal de 2004, no restaurante Fred, que serve picadinho de carne em Brasília.
A consulta ao banco de dados mostra que Hackbart usou o cartão na padaria Bellini (R$ 105,93), no mercadinho La Palma (R$ 32,37) e na farmácia Nova Distrital (R$ 21,11), em Brasília. No caso do mercado, sua assessoria disse que ele fez compras para celebrar o "aniversariante do mês" na equipe de funcionários do órgão.
No ano de 2005, o restaurante favorito de Hackbart foi o Dom Francisco, que funciona na Academia de Tênis, em Brasília. Lá, ele foi sete vezes e desembolsou R$ 918. O levantamento mostra que ele gastou em 2004 com restaurantes R$ 1.346,52. Há apenas dois gastos que não correspondem a alimentação, R$ 21,11 na farmácia Nova Distrital e R$ 200 de hospedagem. Ele argumenta que usou o cartão na farmácia devido a uma emergência.
Em 2006, Hackbart gastou R$ 655,98. Apesar de argumentar que só utilizava o cartão para refeições de trabalho, consta um pagamento de R$ 40,20 na praça de alimentação do Brasília Shopping.


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