São Paulo, segunda-feira, 06 de março de 2006

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SANTO ANDRÉ

Prefeito contradiz versão de Promotoria sobre desentendimentos

Petista defende segurança de Daniel

LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito de Santo André (SP), João Avamileno (PT), ouvido em caráter informal pela delegada Elisabete Sato, que investiga o assassinato de Celso Daniel (PT), disse que desconhecia qualquer inimizade ou briga entre o petista morto e o empresário e ex-segurança Sérgio Gomes da Silva.
A Promotoria Criminal de Santo André apontou o ex-segurança como o mandante do assassinato.
Durante a reunião, na sexta-feira passada, Avamileno afirmou que Daniel sempre confiou no ex-segurança e também no ex-secretário municipal e ex-vereador Klinger Luiz de Oliveira Souza (PT) -apontado pela Promotoria como envolvido num suposto esquema de cobrança de propina na prefeitura da cidade.
A versão de Avamileno é conflitante com a denúncia do Ministério Público. Segundo promotores, servidores da prefeitura relataram uma séria discussão mantida entre Daniel e Klinger dias antes do crime. O então prefeito teria vetado a pretensão de Klinger de se apresentar como candidato à sucessão dele pelo PT.
O órgão diz ainda que a relação entre Daniel e Gomes da Silva não era tão tranqüila. No apartamento do petista morto, foi encontrado um dossiê sobre a evolução patrimonial do ex-segurança.
A reunião com a delegada do 78º Distrito Policial de SP ocorreu no gabinete do prefeito e foi intermediada pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP). Avamileno foi vice-prefeito na primeira gestão de Daniel (1997-2000) e na segunda (2001-2002). Assumiu o cargo após o crime.

Familiares
A Promotoria ainda estuda a possibilidade de ouvir o irmão caçula de Daniel, Bruno, no processo que apura a morte. Após receber ameaças de morte, Bruno mudou-se para o exterior com a mulher e os três filhos.
Segundo Bruno e o irmão João Francisco, as ameaças começaram dias depois de os dois participarem de uma acareação na CPI dos Bingos com Gilberto Carvalho, chefe-de-gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ex-assessor de Daniel.
Na acareação, em outubro do ano passado, os irmãos afirmaram que a morte de Daniel está ligada ao esquema de corrupção na prefeitura, que teria como objetivo financiar campanhas do PT. Os irmãos disseram que ficaram sabendo do esquema por meio de Carvalho.
Klinger e Gomes da Silva negam terem participado de qualquer esquema de propina. Carvalho afirmou que a acusação é falsa.


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