São Paulo, quinta-feira, 06 de abril de 2000


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INVESTIGAÇÃO
IC tem que entregar 15 computadores em 48 horas; para diretor, a perícia deveria durar 30 dias
Juiz manda devolver CPUs à prefeitura

da Reportagem Local


O prefeito de São Paulo, Celso Pitta (PTN), conseguiu ontem uma autorização judicial para receber de volta, em 48 horas, as 15 CPUs (parte operacional dos computadores) levadas por promotores da sede da prefeitura na última sexta. As CPUs estão no IC (Instituto de Criminalística).
O despacho determina ainda a lacração das entradas e saídas das CPUs e que toda a operação seja acompanhada por um técnico nomeado pela prefeitura. A prefeitura quer garantir que nenhum dado seja adicionado às CPUs.
A autorização foi assinada pelo juiz do Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais e Polícia Judiciária) Maurício Lemos Porto Alves. É o mesmo juiz que que expediu o mandado de busca e apreensão para que os promotores pudessem retirar o material da prefeitura -no caso, da Secretaria de Governo.
Por meio da análise das CPUs, promotores do Gaeco (Grupo de Ação Especial e Combate ao Crime Organizado) pretendem encontrar pistas para investigar denúncias de operações de suborno entre a prefeitura e vereadores.
Há a suspeita, decorrente de denúncia anônima, de que existam listas com movimentação de dinheiro dessas supostas operações.
A autorização do juiz foi baseada em pedido feito pela Procuradoria Geral do Município. A prefeitura alegou que o mandado de busca e apreensão que estava nas mãos dos promotores não autorizava a apreensão das CPUs, mas dos "hard disks" (parte onde ficam gravadas as informações), que são destacáveis.
De acordo com a alegação da Procuradoria, a retirada das CPUs "se mostrou desnecessária" e atrapalhou o "trabalho de dezenas de funcionários".
O procurador Antônio Maciel dos Santos argumentou ainda que a prefeitura não ficou com cópia do auto de apreensão para saber o que foi removido.
Quando soube da autorização judicial, o diretor do IC, Valdir Santoro, reagiu com surpresa.
"Se for ordem judicial, em cumpro. Mas nunca vi nada parecido em 22 anos de profissão."
Santoro afirmou que os peritos precisam de pelo menos 30 dias para fazer a análise do material.
Segundo ele, as CPUs e 124 disquetes só chegaram às suas mãos às 17h20. Até ontem, estavam na força-tarefa do Departamento de Identificação e Registros Diversos da Polícia Civil.
O diretor do IC nomeou três peritos criminais para analisar o material, inclusive nos fins-de-semana. Ontem, eles se reuniram com o delegado que preside o inquérito, Maurício Correali. De acordo com Santoro, é possível decifrar os arquivos, mesmo que haja senhas.


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