|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EM MIAMI
Representante nos EUA de empresa do ex-presidente trabalha para consultoria citada no dossiê Caribe
Receita investiga negócios de Collor
FERNANDO RODRIGUES
da Sucursal de Brasília
A Receita Federal está investigando a possível ligação do ex-presidente Fernando Collor de
Mello com empresas sediadas em
Miami, nos Estados Unidos.
Essas empresas podem estar relacionadas à criação e divulgação
do dossiê Caribe.
O dossiê é um conjunto de papéis fotocopiados, sem comprovação, que sugere a existência de
contas bancárias e uma associação no exterior entre o presidente
Fernando Henrique Cardoso, o
governador de São Paulo, Mário
Covas, o ministro da Saúde, José
Serra, e Sérgio Motta, que foi ministro das Comunicações e morreu em abril de 1998.
FHC e outros tucanos negaram
ter essa sociedade no exterior,
quando o dossiê surgiu, em novembro de 1998.
A Polícia Federal iniciou uma
investigação, mas nada concluiu.
A PF solicitou mais prazo para investigar, mas o pedido foi negado
pela Justiça, por sugestão da Procuradoria Geral da República.
Segundo os documentos em
posse da Receita Federal, em Brasília, um representante de empresas de Collor nos EUA, Alvaro
Castillo, desempenha a mesma
função para a Overland Advisory
Services -uma consultoria cujo
nome aparece em um dos papéis
do dossiê Caribe.
Documentos
Os documentos obtidos pela
Receita Federal estão no arquivo
público da Divisão de Corporações da Flórida, um órgão responsável por cadastrar as empresas daquele Estado norte-americano. A Folha obteve ontem, por
meio da Internet, as mesmas informações.
São cinco as empresas envolvidas. Duas estão em nome de Fernando Collor e três em nome de
Oscar de Barros, um dos sócios da
Overland.
Oscar de Barros foi preso na semana passada pelo FBI (Federal
Bureau of Investigation, a PF norte-americana). Há contra ele várias acusações, inclusive a de estar
envolvido com tráfico de cocaína.
No caso de Collor, segundo os
documentos oficiais da Flórida, as
empresas que poderiam ter alguma relação no caso são a Gazeta
de Alagoas International Corporation (dissolvida no ano passado) e a Gazeta de Alagoas Holding
Corporation (fechada em 1998).
Em ambas as empresas, Fernando Collor aparece assinando o
relatório anual. O "registered
agent" (representante) das duas
instituições é Alvaro Castillo, nomeado por Collor.
As empresas de Oscar de Barros
são as seguintes: Overland Advisory Services, Overland Financial
Corporation e Telemarketing
Management Administration. Alvaro Castillo é o representante das
três. Oscar de Barros aparece
sempre como diretor.
No caso da Telemarketing Administration, além de Oscar de
Barros aparecem outras duas pessoas ocupando cargos de diretores: José Maria Teixeira Ferraz e
Ney L. Santos. José Maria está
preso junto com Oscar de Barros.
Na Overland Financial Corporation também é diretor Pedro
Valentin.
Avaliação
Segundo a Receita Federal, em
princípio não há nenhuma irregularidade no fato de Collor ter alguma relação empresarial com
Alvaro Castillo, que também representa as empresas de Oscar de
Barros.
A eventual irregularidade que a
Receita Federal investiga é se Collor declarou no seu Imposto de
Renda todas as suas atividades
empresariais fora do país.
Algumas das pessoas nas empresas supostamente ligadas ao
dossiê Caribe são brasileiras
-por exemplo, Oscar de Barros.
Também serão investigadas pela
Receita Federal se ainda tiverem
domicílio fiscal no Brasil.
Texto Anterior: Custo eleitoral: Comissão aprova R$ 700 mi a eleições Próximo Texto: Brasileiros tiveram diálogo gravado Índice
|