São Paulo, quinta-feira, 06 de abril de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Brasileiros tiveram diálogo gravado

MARCIO AITH
enviado especial a Miami

Os empresários brasileiros Oscar de Barros e José Maria Teixeira Ferraz, presos nos EUA sob a acusação de lavarem dinheiro para traficantes de cocaína, foram denunciados por um informante e tiveram conversas com clientes gravadas pelo FBI (Birô Federal de Investigações dos EUA).
Essa foi a única informação sobre a investigação passada pelo promotor do caso, Joseph Capone, aos advogados dos dois.
A transcrição das conversas deverá ser exibida para as partes ao longo do processo criminal contra Barros e Ferraz.
Barros mora há quase 20 anos em Miami. Ele dirige a Overland Advisory Services, uma empresa que ajuda estrangeiros a abrir contas em paraísos fiscais e a transferir dinheiro entre países.
Em 1998, o nome Overland foi peça central do dossiê Caribe -um conjunto de papéis sem autenticação que sugeriam uma suposta associação sigilosa no exterior entre o presidente Fernando Henrique Cardoso, o governador de São Paulo, Mário Covas, o ministro da Saúde, José Serra, e Sérgio Motta, que foi ministro das Comunicações e morreu em 1998.
Dentro do dossiê Caribe havia um papel com o nome da consultoria Overland. Nesse papel, havia um fluxograma com a movimentação do dinheiro que os quatro teriam no exterior. No ano passado, a Polícia Federal brasileira anunciou ter comprovado a falsificação dos documentos.
Outra pessoa que está sendo processada por lavagem de dinheiro em Miami com Barros e com Ferraz é o ex-doleiro Jamil Degan, um brasileiro naturalizado norte-americano.
Degan ofereceu o dossiê ao pastor Caio Fábio, presidente da ONG evangélica Vinde. O pastor, por sua vez, ofereceu o dossiê a políticos brasileiros de esquerda.

Miami
Não há nenhuma indicação de que o processo em Miami contra Barros e contra Ferraz tenha ligação direta com o dossiê Caribe. Eles foram acusados depois da prisão do inglês Nigel Ramsay no ano passado, por lavagem de dinheiro e por tráfico de cocaína.
Barros, Ferraz e Ramsay tiveram conversas gravadas pelo FBI depois de serem citados em gravações de outras pessoas. O FBI também chegou aos dois por um informante. A Folha apurou que parte das fitas gravadas está em português. Ontem, apenas dois funcionários ("Evaldo" e "Pereira") trabalharam no escritório da Overland, no número 1.101 da rua Brickel, no centro de Miami. Eles não quiseram dar declarações.


Texto Anterior: Em Miami: Receita investiga negócios de Collor
Próximo Texto: Salário: Mínimo dá e ainda sobra, diz Malan
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.