|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Brasileiros tiveram diálogo gravado
MARCIO AITH
enviado especial a Miami
Os empresários brasileiros Oscar de Barros e José Maria Teixeira Ferraz, presos nos EUA sob a
acusação de lavarem dinheiro para traficantes de cocaína, foram
denunciados por um informante
e tiveram conversas com clientes
gravadas pelo FBI (Birô Federal
de Investigações dos EUA).
Essa foi a única informação sobre a investigação passada pelo
promotor do caso, Joseph Capone, aos advogados dos dois.
A transcrição das conversas deverá ser exibida para as partes ao
longo do processo criminal contra Barros e Ferraz.
Barros mora há quase 20 anos
em Miami. Ele dirige a Overland
Advisory Services, uma empresa
que ajuda estrangeiros a abrir
contas em paraísos fiscais e a
transferir dinheiro entre países.
Em 1998, o nome Overland foi
peça central do dossiê Caribe
-um conjunto de papéis sem autenticação que sugeriam uma suposta associação sigilosa no exterior entre o presidente Fernando
Henrique Cardoso, o governador
de São Paulo, Mário Covas, o ministro da Saúde, José Serra, e Sérgio Motta, que foi ministro das
Comunicações e morreu em 1998.
Dentro do dossiê Caribe havia
um papel com o nome da consultoria Overland. Nesse papel, havia
um fluxograma com a movimentação do dinheiro que os quatro
teriam no exterior. No ano passado, a Polícia Federal brasileira
anunciou ter comprovado a falsificação dos documentos.
Outra pessoa que está sendo
processada por lavagem de dinheiro em Miami com Barros e
com Ferraz é o ex-doleiro Jamil
Degan, um brasileiro naturalizado norte-americano.
Degan ofereceu o dossiê ao pastor Caio Fábio, presidente da
ONG evangélica Vinde. O pastor,
por sua vez, ofereceu o dossiê a
políticos brasileiros de esquerda.
Miami
Não há nenhuma indicação de
que o processo em Miami contra
Barros e contra Ferraz tenha ligação direta com o dossiê Caribe.
Eles foram acusados depois da
prisão do inglês Nigel Ramsay no
ano passado, por lavagem de dinheiro e por tráfico de cocaína.
Barros, Ferraz e Ramsay tiveram conversas gravadas pelo FBI
depois de serem citados em gravações de outras pessoas. O FBI
também chegou aos dois por um
informante. A Folha apurou que
parte das fitas gravadas está em
português. Ontem, apenas dois
funcionários ("Evaldo" e "Pereira") trabalharam no escritório da
Overland, no número 1.101 da rua
Brickel, no centro de Miami. Eles
não quiseram dar declarações.
Texto Anterior: Em Miami: Receita investiga negócios de Collor Próximo Texto: Salário: Mínimo dá e ainda sobra, diz Malan Índice
|