São Paulo, quinta-feira, 06 de abril de 2000


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"Justiça de Deus não falha", afirma viúva

dos enviados especiais a Vitória

A viúva do fazendeiro José Machado Neto, Aline Machado, 61, acompanhou os primeiros dois dias de julgamento ao lado das filhas e disse ter certeza da culpa de José Rainha na morte de seu marido. "Estou esperando justiça há 11 anos", afirmou.
Ontem, cansada e com problemas cardíacos, não foi ao plenário. Depois do anúncio da absolvição de Rainha, foi procurada pela Folha por telefone, em seu apartamento em Vitória, e não foi encontrada.
Uma pessoa que atendeu e disse ser amiga da família afirmou que Aline viajaram ontem no início da tarde para sua fazenda.
Desde o início do julgamento, Aline mostrou-se muito magoada porque, segundo ela, as entidades de defesa dos direitos humanos nunca se preocuparam em saber como ficaram as famílias do fazendeiro e do policial militar mortos no incidente.
Nos primeiros dois dias de julgamento, ela falou várias vezes à Folha sobre o caso. Leia trechos a seguir.

Folha - A senhora. acredita que José Rainha participou da morte de seu marido?
Aline Machado-
Tenho certeza. À época, todos disseram que ele estava em Pedro Canário. Quando meu marido foi à fazenda, não sabia que Rainha estava lá, mas, depois, foi o que todo mundo contou.

Folha - O que a senhora acha da manifestação dos militantes sem-terra em solidariedade a Rainha?
Aline -
Acho muito errado. Quando eu cheguei, passei pelo meio deles. Eles recebem Zé Rainha como herói, mas herói sou eu, que estou esperando há 11 anos. Nunca nenhuma entidade de direitos humanos me procurou. Qual foi a entidade que foi me dar apoio? Nenhuma. Ele pediu que não o prendessem, porque tem um filho para criar. Eu fiquei viúva com cinco filhas.

Folha - Qual a sua expectativa daqui para a frente?
Aline -
A Justiça da terra é falha, mas a de Deus não falha. Quero justiça, estou esperando há 11 anos. (FE e LAR)


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