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"Justiça de Deus não
falha", afirma viúva
dos enviados especiais a Vitória
A viúva do fazendeiro José Machado Neto, Aline Machado, 61,
acompanhou os primeiros dois
dias de julgamento ao lado das filhas e disse ter certeza da culpa de
José Rainha na morte de seu marido. "Estou esperando justiça há
11 anos", afirmou.
Ontem, cansada e com problemas cardíacos, não foi ao plenário. Depois do anúncio da absolvição de Rainha, foi procurada
pela Folha por telefone, em seu
apartamento em Vitória, e não foi
encontrada.
Uma pessoa que atendeu e disse
ser amiga da família afirmou que
Aline viajaram ontem no início da
tarde para sua fazenda.
Desde o início do julgamento,
Aline mostrou-se muito magoada
porque, segundo ela, as entidades
de defesa dos direitos humanos
nunca se preocuparam em saber
como ficaram as famílias do fazendeiro e do policial militar
mortos no incidente.
Nos primeiros dois dias de julgamento, ela falou várias vezes à
Folha sobre o caso. Leia trechos a
seguir.
Folha - A senhora. acredita
que José Rainha participou da
morte de seu marido?
Aline Machado- Tenho certeza.
À época, todos disseram que ele
estava em Pedro Canário. Quando meu marido foi à fazenda, não
sabia que Rainha estava lá, mas,
depois, foi o que todo mundo
contou.
Folha - O que a senhora acha
da manifestação dos militantes
sem-terra em solidariedade a
Rainha?
Aline - Acho muito errado.
Quando eu cheguei, passei pelo
meio deles. Eles recebem Zé Rainha como herói, mas herói sou
eu, que estou esperando há 11
anos. Nunca nenhuma entidade
de direitos humanos me procurou. Qual foi a entidade que foi
me dar apoio? Nenhuma. Ele pediu que não o prendessem, porque tem um filho para criar. Eu fiquei viúva com cinco filhas.
Folha - Qual a sua expectativa
daqui para a frente?
Aline - A Justiça da terra é falha,
mas a de Deus não falha. Quero
justiça, estou esperando há 11
anos.
(FE e LAR)
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