São Paulo, sábado, 06 de maio de 2000


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Detidos dizem ser presos políticos

JULIA DUAILIBI
da Reportagem Local

Os 15 integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) que estão presos no Complexo do Carandiru, em São Paulo, disseram ontem que são presos políticos.
Eles estão detidos no complexo desde a noite de terça-feira por terem invadido no mesmo dia o prédio do Ministério da Fazenda, na região central de São Paulo.
Segundo eles, não haveria motivo para a prisão do grupo, já que a invasão foi uma manifestação contra a atual política de reforma agrária do governo.
Os militantes politizam a prisão, argumentando sobre a ineficácia da política agrária atual do presidente Fernando Henrique. Para eles, as últimas medidas do governo em relação à questão agrária só vão piorar o conflito.
Entre os presos do MST, muitos têm formação universitária e todos são réus primários.
Achilles Delári Júnior, por exemplo, é professor universitário. Ele recebeu ontem a visita da namorada, Denise Mesquita de Melo. Os dois disseram que só tentavam acalmar a situação, pois o "clima estava tenso". Entretanto, Delári disse que tentou negociar e acabou preso.
Na penitenciária feminina, Soraya Soriano, a única integrante mulher do MST que foi presa, ocupa sozinha uma cela.
Ela afirmou que a proibição da manifestação é uma volta para a década de 70, se referindo ao período de governo militar (1964-1985). Soraya é bióloga, formada pela PUC de Campinas, e dá aulas no acampamento próximo a Bauru, a 345 km de São Paulo.
"Estamos tentando construir uma coisa melhor. Alguns vão ser presos, outros vão parar no meio do caminho, mas o mundo se movimenta desta forma."
O presidente do PT, José Dirceu, foi até o Carandiru fazer um apelo para que os presos sejam liberados. Ele considera a prisão "criminosa" e "covarde".
O MST pretende fazer uma vigília em frente ao Complexo do Carandiru e realizar uma missa na porta da prisão.

Pedido negado
O juiz estadual César Augusto Andrade de Castro, do Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais), não se manifestou sobre o pedido de liberdade provisória dos 15 presos, alegando não ter competência para analisar o caso, que foi para a Justiça Federal.
"É estranho, pois eles têm competência para prender, mas não têm competência para soltar", disse o advogado dos integrantes do grupo, Roberto Podval.
Ele afirmou que tentará entrar hoje com o pedido de liberdade provisória no plantão da Justiça Federal, como o pedido de relaxamento do flagrante.


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