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Grampo mostra suposta trama de morte
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A ANJ (Associação Nacional
dos Jornais) e a Fenaj (Federação
Nacional dos Jornalistas) manifestaram ontem repúdio à revelação de que o empresário acusado
de chefiar o esquema das ambulâncias superfaturadas e um assessor do deputado Nilton Capixaba (PTB-RO) teriam tramado a
morte do jornalista Lúcio Vaz, do
"Correio Braziliense", que investigava a fraude no final do ano
passado, em Rondônia.
Gravações feitas pela PF de conversa telefônica entre Luiz Antonio Vedoin, o empresário envolvido na fraude, e Francisco Machado Filho, o assessor do deputado, ambos presos, revelam que
os dois teriam cogitado a morte
do jornalista como forma de impedir a revelação do esquema.
"Podia arrumar um jeito de
mandar matar o cara lá, o que que
cê acha", pergunta o empresário
ao assessor de Capixaba, parlamentar suspeito de integrar o esquema de fraude. "Eu também
acho que é uma boa", diz o assessor, rindo. Em seguida, o empresário Vedoin sugere afogamento:
"Vou falar pra um amigo meu...
vou ver se esse cara agüenta ficar
dez minutos debaixo d'água".
A PF avaliou, durante as investigações, que a conversa sobre o
jornalista era num tom de brincadeira. Por isso, não teria tomado
uma medida na ocasião.
"A ANJ manifesta grande preocupação com a notícia. (...) A
preocupação é ainda maior diante
do fato de que a Polícia Federal,
mesmo tendo conhecimento do
fato desde o final do ano passado,
não tomou nenhuma providência
no sentido de assegurar a integridade física do jornalista", diz nota
divulgada pela associação, que segue: "A ANJ considera que as autoridades policiais têm a obrigação de garantir a segurança desse
e qualquer outro profissional de
jornalismo que esteja correndo
risco em função do trabalho de levar informação ao público".
O presidente da Fenaj, Sérgio
Murillo de Andrade, afirmou que
a revelação é grave e que vai pedir
providências à PF. "Isso coloca
em público a forma como se faz
política nesse país, mostra como
parte da elite, a mais atrasada,
mas retrógrada, lida com a mídia.
Fala em matar e mata", afirmou.
O jornalista Lúcio Vaz, 48, afirmou que se sentiu chocado com a
notícia. "A gente sabe que corre
esse tipo de risco, lida com isso
sempre, mas quando acontece
com a gente, dá um choque".
O delegado da PF Tardeli Boaventura afirmou ontem que a suposta trama de morte do jornalista não passou de "uma brincadeira". "Mesmo assim, eu pedi informação especial e nós continuamos monitorando e eles não falaram mais nada sobre assunto."
A Folha não conseguiu localizar
o deputado Capixaba e seus assessores ontem.
(RB e SN)
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