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NOVO ESCÂNDALO
Transcrições também levantam suspeitas contra deputados Laura Carneiro (PFL-RJ) e Nilton Capixaba (PTB-RO)
Suassuna sabia de esquema, indica gravação
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Conversas de assessores parlamentares captadas pela Polícia
Federal na "Operação Sanguessuga" revelam indícios de que os
congressistas podem estar diretamente envolvidos no esquema de
desvio de recursos do Orçamento
para a compra de ambulâncias.
Nos diálogos, os assessores do
senador Ney Suassuna (PMDB-PB) e dos deputados Laura Carneiro (PFL-RJ) e Nilton Capixaba
(PTB-RO) e empresários ligados à
fraude dão a entender que os parlamentares sabiam do esquema.
A PF ressaltou que não foi possível até aqui confirmar se os parlamentares, autores das emendas
que beneficiaram as empresas da
quadrilha, teriam interagido com
a organização criminosa. Mas não
descartam a hipótese.
Numa das gravações, Carlos
Augusto Haasis Neto (assessor de
Laura Carneiro) recomenda a
Luiz Antônio Trevisan Vedoin
(sócio da Planam, uma das empresas beneficiadas pelo esquema) que acerte com a "mulher".
A PF deduz que Carlos Augusto,
conhecido como Guto, possivelmente se referia à deputada. Guto
diz ainda que a "mulher" está irritada com uma terceira pessoa e
que Luiz deveria "procurá-la e
acertar". Acrescenta que Luiz está
autorizado "a fazer oitenta", o que
a PF deduz que sejam R$ 80 mil,
mas sem explicar do que se trata.
Num outro diálogo, Guto diz a
Luiz Antônio que já estava tudo
acertado em Brasília e que R$ 3
milhões em emendas da deputada deveriam ser destinados à
compra de equipamentos.
"O que que dá pra nós mexer
[sic] com equipamento dela lá?",
pergunta Luiz Antônio. Guto responde: "[...] Tudo. Agora tá autorizado... Só divide alguma coisa
com alguém, mas o restante pode
fazer tudo".
Numa outra gravação, Luiz Antônio conversa com Ronildo Pereira Medeiros, empresário integrante do esquema, segundo a PF.
Luiz Antônio pergunta sobre um
negócio em Rio Claro (RJ) de R$
1.418.775. Ele pergunta se é da deputada. Ronildo diz achar que
sim. Luiz conclui: "Se for, é nosso!", pedindo a Ronildo para entrar em contato com a deputada.
O nome de Ney Suassuna surge
numa conversa de Luiz Antônio
com Maria da Penha Lino, assessora do Ministério da Saúde. Segundo a PF, Penha, que já trabalhou na Planam, agia para acelerar a aprovação dos projetos para
a compra das ambulâncias.
Luiz pergunta: "Advinha o que
que eu quero?". Penha responde:
"Aqueles "trem" [sic] de lá
do...do...do tio Ney lá da Paraíba e
do... do outro que não é tio, de lá
do Rio de Janeiro. O de setecentos
[R$ 700 mil, para a PF] do Rio".
Luiz confirma: "Isso, aquele do
Ney, Penha, empenha o do Ippes
[Instituto de Planejamento, Pesquisa e Promoção da Educação e
Cultura], Penha, pelo amor de
Deus, Penha".
Luiz Antônio diz que acabara de
falar com Marcelo Cardoso Carvalho, assessor do senador, demitido anteontem após a divulgação
da investigação da PF. Penha responde que vai se empenhar, mas
diz a Luiz para pedir a Marcelo ou
ao próprio senador.
Luiz Antônio mantinha freqüentes conversas também com
Francisco Machado Filho, assessor de Nilton Capixaba. Francisco, ou Chico, como era conhecido, informa a Luiz Antônio sobre
o empenho e a liberação de recursos referentes aos projetos de interesse das empresas do esquema.
Luiz Antônio pergunta a Chico
quando vai "empenhar". Chico
responde; no mesmo dia. Ao final
da ligação, Chico pede a Luiz que
ligue para o deputado, que estaria
querendo falar com ele.
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