São Paulo, sábado, 06 de maio de 2006

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NOVO ESCÂNDALO

Transcrições também levantam suspeitas contra deputados Laura Carneiro (PFL-RJ) e Nilton Capixaba (PTB-RO)

Suassuna sabia de esquema, indica gravação

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Conversas de assessores parlamentares captadas pela Polícia Federal na "Operação Sanguessuga" revelam indícios de que os congressistas podem estar diretamente envolvidos no esquema de desvio de recursos do Orçamento para a compra de ambulâncias.
Nos diálogos, os assessores do senador Ney Suassuna (PMDB-PB) e dos deputados Laura Carneiro (PFL-RJ) e Nilton Capixaba (PTB-RO) e empresários ligados à fraude dão a entender que os parlamentares sabiam do esquema.
A PF ressaltou que não foi possível até aqui confirmar se os parlamentares, autores das emendas que beneficiaram as empresas da quadrilha, teriam interagido com a organização criminosa. Mas não descartam a hipótese.
Numa das gravações, Carlos Augusto Haasis Neto (assessor de Laura Carneiro) recomenda a Luiz Antônio Trevisan Vedoin (sócio da Planam, uma das empresas beneficiadas pelo esquema) que acerte com a "mulher".
A PF deduz que Carlos Augusto, conhecido como Guto, possivelmente se referia à deputada. Guto diz ainda que a "mulher" está irritada com uma terceira pessoa e que Luiz deveria "procurá-la e acertar". Acrescenta que Luiz está autorizado "a fazer oitenta", o que a PF deduz que sejam R$ 80 mil, mas sem explicar do que se trata.
Num outro diálogo, Guto diz a Luiz Antônio que já estava tudo acertado em Brasília e que R$ 3 milhões em emendas da deputada deveriam ser destinados à compra de equipamentos.
"O que que dá pra nós mexer [sic] com equipamento dela lá?", pergunta Luiz Antônio. Guto responde: "[...] Tudo. Agora tá autorizado... Só divide alguma coisa com alguém, mas o restante pode fazer tudo".
Numa outra gravação, Luiz Antônio conversa com Ronildo Pereira Medeiros, empresário integrante do esquema, segundo a PF. Luiz Antônio pergunta sobre um negócio em Rio Claro (RJ) de R$ 1.418.775. Ele pergunta se é da deputada. Ronildo diz achar que sim. Luiz conclui: "Se for, é nosso!", pedindo a Ronildo para entrar em contato com a deputada.
O nome de Ney Suassuna surge numa conversa de Luiz Antônio com Maria da Penha Lino, assessora do Ministério da Saúde. Segundo a PF, Penha, que já trabalhou na Planam, agia para acelerar a aprovação dos projetos para a compra das ambulâncias.
Luiz pergunta: "Advinha o que que eu quero?". Penha responde: "Aqueles "trem" [sic] de lá do...do...do tio Ney lá da Paraíba e do... do outro que não é tio, de lá do Rio de Janeiro. O de setecentos [R$ 700 mil, para a PF] do Rio".
Luiz confirma: "Isso, aquele do Ney, Penha, empenha o do Ippes [Instituto de Planejamento, Pesquisa e Promoção da Educação e Cultura], Penha, pelo amor de Deus, Penha".
Luiz Antônio diz que acabara de falar com Marcelo Cardoso Carvalho, assessor do senador, demitido anteontem após a divulgação da investigação da PF. Penha responde que vai se empenhar, mas diz a Luiz para pedir a Marcelo ou ao próprio senador.
Luiz Antônio mantinha freqüentes conversas também com Francisco Machado Filho, assessor de Nilton Capixaba. Francisco, ou Chico, como era conhecido, informa a Luiz Antônio sobre o empenho e a liberação de recursos referentes aos projetos de interesse das empresas do esquema.
Luiz Antônio pergunta a Chico quando vai "empenhar". Chico responde; no mesmo dia. Ao final da ligação, Chico pede a Luiz que ligue para o deputado, que estaria querendo falar com ele.


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