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ESCÂNDALO DO MENSALÃO/ CPI DOS BINGOS
Senador Flávio Arns apresenta pedido de convocação de ex-diretores do banco paulista para expor denúncias contra Geraldo Alckmin
Petista inclui o caso Nossa Caixa na lista de requerimentos da CPI
FREDERICO VASCONCELOS
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Na tentativa de propagar nacionalmente as denúncias contra o
pré-candidato à Presidência Geraldo Alckmin (PSDB), a base do
governo Lula na CPI dos Bingos
apresentou dois requerimentos
convocando ex-diretores do banco Nossa Caixa e um convite para
depoimento de um dos principais
opositores do tucano na Assembléia paulista, o deputado Romeu
Tuma Júnior (PMDB).
Os requerimentos foram protocolados pelo senador Flávio Arns
(PT-PR) e têm como alvo o ex-presidente da Nossa Caixa Valdery Frota de Albuquerque e o ex-diretor de Rede e Distribuição
Luiz Francisco Monteiro de Barros Neto. Eles são citados nas investigações sobre irregularidades
em contratos de publicidade no
banco paulista e suposto favorecimento com verbas de marketing a
veículos de comunicação ligados
a deputados de São Paulo.
O pano de fundo da convocação
é a gestão de Albuquerque à frente
da CEF (Caixa Econômica Federal) e os contratos com a multinacional GTech.
Barros Neto, que ocupou vários
cargos na CEF e foi vice-presidente, teve seu indiciamento recomendado em relatório parcial da
CPI, no começo do ano. Em abril,
seu advogado, Jorge Amaury
Maia Nunes, disse que a CPI dos
Bingos ignorou "solenemente"
pedido de seu cliente para ser ouvido naquela comissão.
A fundamentação dos requerimentos de Arns é uma reportagem publicada pela Folha em 23
de abril passado, na qual Tuma
Júnior afirma que havia identificado na Nossa Caixa "uma continuidade do que aconteceu antes
na Caixa Econômica Federal".
Nessa mesma reportagem,
Alckmin e o presidente da Nossa
Caixa, Carlos Eduardo Monteiro,
consideraram "absurda" a hipótese de semelhança entre atos praticados por diretores e ex-assessores do banco estadual investigados por supostas irregularidades
na Caixa Econômica Federal.
"Isso é um completo absurdo. É
uma exploração política, pois não
existe nenhuma semelhança entre
uma coisa e outra", disse Alckmin. A assessoria do tucano foi
procurada ontem, mas não houve
resposta.
"É uma vergonha o Estado de
São Paulo ter que esclarecer numa
CPI nacional fatos que poderiam
ser apurados aqui", afirmou Tuma Júnior, numa crítica à base do
governo na Assembléia, que barra
a criação de uma CPI para apurar
as denúncias contra Alckmin.
Para os governistas, não há motivos para a uma comissão parlamentar, pois os fatos são investigados pelo Ministério Público e
pelo tribunal de contas.
A suspeita de direcionamento
de publicidade da Nossa Caixa
para deputados é investigada pelos promotores Sérgio Turra Sobrane, na área cível, e Carla Maria
Altavista Mapelli, na criminal.
Sobrane ouvirá o presidente da
Nossa Caixa no dia 16 e o diretor
jurídico, Daniel Rodrigues Alves
no dia 17. O ex-presidente Albuquerque e seu ex-chefe-de-gabinete informal, Waldin Rosa de Lima, serão convidados para prestar esclarecimentos no dia 22.
Outro foco
A oposição ao governo Lula comemorou o pedido de Arns porque esvaziaria a alegação de desvio de foco na CPI, que deveria se
limitar aos bingos. O pedido abre
brecha para a retomada de outros
temas polêmicos, como a quebra
de sigilo de Paulo Okamotto.
"É uma ótima oportunidade para se votar, em bloco, todos os requerimentos: a convocação do
[Jorge] Mattoso, da Nossa Caixa,
a quebra do sigilo do Okamotto.
Será bom um acordo entre oposição e governo para que se vote
tudo em bloco, para agilizar os
trabalhos da CPI. Faríamos seis,
oito oitivas por dia", disse o presidente da CPI dos Bingos, Efraim
Morais (PFL-PB). A Nossa Caixa
informou que o presidente "não
tomou conhecimento do assunto
e não vai comentar". A Folha não
conseguiu localizar os ex-diretores Albuquerque e Barros Neto.
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