São Paulo, sábado, 06 de maio de 2006

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ESCÂNDALO DO MENSALÃO/ CPI DOS BINGOS

Senador Flávio Arns apresenta pedido de convocação de ex-diretores do banco paulista para expor denúncias contra Geraldo Alckmin

Petista inclui o caso Nossa Caixa na lista de requerimentos da CPI

FREDERICO VASCONCELOS
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Na tentativa de propagar nacionalmente as denúncias contra o pré-candidato à Presidência Geraldo Alckmin (PSDB), a base do governo Lula na CPI dos Bingos apresentou dois requerimentos convocando ex-diretores do banco Nossa Caixa e um convite para depoimento de um dos principais opositores do tucano na Assembléia paulista, o deputado Romeu Tuma Júnior (PMDB).
Os requerimentos foram protocolados pelo senador Flávio Arns (PT-PR) e têm como alvo o ex-presidente da Nossa Caixa Valdery Frota de Albuquerque e o ex-diretor de Rede e Distribuição Luiz Francisco Monteiro de Barros Neto. Eles são citados nas investigações sobre irregularidades em contratos de publicidade no banco paulista e suposto favorecimento com verbas de marketing a veículos de comunicação ligados a deputados de São Paulo.
O pano de fundo da convocação é a gestão de Albuquerque à frente da CEF (Caixa Econômica Federal) e os contratos com a multinacional GTech.
Barros Neto, que ocupou vários cargos na CEF e foi vice-presidente, teve seu indiciamento recomendado em relatório parcial da CPI, no começo do ano. Em abril, seu advogado, Jorge Amaury Maia Nunes, disse que a CPI dos Bingos ignorou "solenemente" pedido de seu cliente para ser ouvido naquela comissão.
A fundamentação dos requerimentos de Arns é uma reportagem publicada pela Folha em 23 de abril passado, na qual Tuma Júnior afirma que havia identificado na Nossa Caixa "uma continuidade do que aconteceu antes na Caixa Econômica Federal".
Nessa mesma reportagem, Alckmin e o presidente da Nossa Caixa, Carlos Eduardo Monteiro, consideraram "absurda" a hipótese de semelhança entre atos praticados por diretores e ex-assessores do banco estadual investigados por supostas irregularidades na Caixa Econômica Federal.
"Isso é um completo absurdo. É uma exploração política, pois não existe nenhuma semelhança entre uma coisa e outra", disse Alckmin. A assessoria do tucano foi procurada ontem, mas não houve resposta.
"É uma vergonha o Estado de São Paulo ter que esclarecer numa CPI nacional fatos que poderiam ser apurados aqui", afirmou Tuma Júnior, numa crítica à base do governo na Assembléia, que barra a criação de uma CPI para apurar as denúncias contra Alckmin.
Para os governistas, não há motivos para a uma comissão parlamentar, pois os fatos são investigados pelo Ministério Público e pelo tribunal de contas.
A suspeita de direcionamento de publicidade da Nossa Caixa para deputados é investigada pelos promotores Sérgio Turra Sobrane, na área cível, e Carla Maria Altavista Mapelli, na criminal.
Sobrane ouvirá o presidente da Nossa Caixa no dia 16 e o diretor jurídico, Daniel Rodrigues Alves no dia 17. O ex-presidente Albuquerque e seu ex-chefe-de-gabinete informal, Waldin Rosa de Lima, serão convidados para prestar esclarecimentos no dia 22.

Outro foco
A oposição ao governo Lula comemorou o pedido de Arns porque esvaziaria a alegação de desvio de foco na CPI, que deveria se limitar aos bingos. O pedido abre brecha para a retomada de outros temas polêmicos, como a quebra de sigilo de Paulo Okamotto.
"É uma ótima oportunidade para se votar, em bloco, todos os requerimentos: a convocação do [Jorge] Mattoso, da Nossa Caixa, a quebra do sigilo do Okamotto.
Será bom um acordo entre oposição e governo para que se vote tudo em bloco, para agilizar os trabalhos da CPI. Faríamos seis, oito oitivas por dia", disse o presidente da CPI dos Bingos, Efraim Morais (PFL-PB). A Nossa Caixa informou que o presidente "não tomou conhecimento do assunto e não vai comentar". A Folha não conseguiu localizar os ex-diretores Albuquerque e Barros Neto.


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