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ESCÂNDALO DO MENSALÃO/ CPI DOS BINGOS
Apontado como mandante da morte de Toninho do PT, Figueredo diz que nunca teve bingo em Campinas e afirma não saber por que foi citado
Empresário angolano nega versão de garçom
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O empresário José Paulo Teixeira Cruz Figueredo está aturdido
desde que seu nome foi citado como o mandante do assassinato de
Toninho do PT, o prefeito de
Campinas, ocorrido em 2001. Na
versão apresentada em sessão secreta da CPI dos Bingos, o garçom
Anderson Ângelo Gonçalves contou que viu Vadinho, como Figueredo é conhecido, tramar a
morte do prefeito por ter tido interesses contrariados.
Nascido em Angola, Figueredo,
59, diz que a versão é absurda porque nunca teve casa de bingo em
Campinas, cidade que visitou há
cerca de 15 anos, segundo ele.
Figueredo não é um novato na
CPI dos Bingos. Seu nome e de
seu sócio, Artur José Valente de
Oliveira Caio, foram apontados
como doadores de R$ 1 milhão à
campanha do PT em 2002. A doação foi articulada, segundo o advogado Rogério Buratti, pelo ex-ministro Antonio Palocci.
Em sua primeira entrevista desde que se tornou personagem da
CPI, Figueredo diz que não doou
dinheiro ao PT e nunca encontrou Palocci. "Nem conheço o
[ex-] ministro", afirmou.
Figueredo vive em Angola, onde
diz ter uma engarrafadora de
água mineral. De um país da Europa que não quis identificar, deu
a seguinte entrevista à Folha:
Folha - O sr. já teve algum tipo de
negócio em Campinas?
José Paulo Teixeira Cruz Figueredo - Nunca tive, nunca fui proprietário de bingo em Campinas.
Folha - Já teve algum problema
com o Toninho do PT?
Figueredo - Só conheci o Toninho pelos jornais, quando lhe
aconteceu essa desgraça.
Folha - O sr. já teve problemas
empresariais em Campinas?
Figueredo - Nunca. A última vez
que fui a Campinas foi há mais de
15 anos. Nunca tive bingo lá.
Folha - Onde o sr. teve bingo?
Figueredo - Em São Paulo, em
Belo Horizonte, em Recife.
Folha - Saberia explicar por que
esse garçom disse ter visto o sr. tramar a morte do Toninho do PT?
Figueredo - Não me passa pela
idéia porque ele resolveu pôr o
meu nome nisso aí. São problemas políticos, mas não faço a mínima idéia. Nunca vi esse senhor.
Folha - O sr. acha que possa haver
algum uso político desse caso?
Figueredo - Eu não gostaria de
responder a essa pergunta.
Folha - Uma outra testemunha da
CPI dos Bingos, um motorista, disse
ter visto o sr. na chamada "casa do
lobby" em Brasília.
Figueredo - Nunca fui a nenhuma casa do lago em Brasília. Nunca fui ao Ministério da Fazenda.
Nem conheço o [ex-] ministro.
Folha - Mas o sr. cedeu um helicóptero para levar Palocci a Angra
dos Reis?
Figueredo - Não, não tenho nenhum helicóptero.
Folha - Foi o sócio do sr. que cedeu o helicóptero?
Figueredo - Eu tenho um sócio
que tem helicóptero. Se ele cedeu
ou não, você tem de perguntar a
ele. Nunca tive helicóptero.
Folha - O advogado Rogério Buratti disse que dois empresários
angolanos da área de bingo doaram R$ 1 milhão à campanha do PT
de 2002. São você e seu sócio?
Figueredo - Eu nunca dei dinheiro ao PT. Portanto, esses angolanos de que o Buratti fala não podem ser eu e meu sócio.
Folha - Por que deixou o Brasil?
Figueredo - Deixei o Brasil porque em Angola apareceram negócios que eu achei convenientes de
tocar agora. Como o negócio onde eu estive estão cheios de problemas, nunca mais se legalizam
oficialmente, porque não é ilegal
nem é legal, então isso me cansa.
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