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Tucanos trocam insultos, e Alckmin é lançado em SP
Sob protestos e sem votação, diretório do PSDB referenda decisão da Executiva
Presidente municipal, Reis Lobo evoca prerrogativas
do cargo para anunciar a pré-candidatura, que deve ser ratificada em convenção
Almeida/Folha Imagem
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Mulher vaia em reunião tucana, onde kassabistas chamaram presidente municipal de arbitrário
CATIA SEABRA
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
Após uma reunião tensa,
marcada por bate-bocas e troca
de insultos, o ex-governador
Geraldo Alckmin foi indicado
ontem à noite pré-candidato do
PSDB a prefeito de São Paulo
pelo presidente do diretório
paulistano do partido, José
Henrique Reis Lobo.
A indicação terá de ser referendada na convenção do partido que deve ocorrer, segundo a
lei eleitoral, até o final de junho.
A candidatura não chegou a ser
submetida aos 71 membros do
diretório, como estava programado e era a expectativa de
Alckmin e de seu grupo, que
planejavam transformar o encontro em uma festa.
Mas tucanos que defendem o
apoio à reeleição do prefeito
Gilberto Kassab (DEM) devem
recorrer da decisão, enfrentar
Alckmin na convenção e aprofundar a divisão do partido. Serão 1.228 delegados aptos a votar. Uma contraproposta terá
de reunir 30% desse total.
Por volta das 22h30, Lobo
evocou prerrogativas de seu
cargo e de uma resolução do diretório nacional do partido para referendar a decisão tomada
pela Executiva Municipal semana passada, que lançou
Alckmin candidato.
"Comunico a todos vocês que
a Executiva do diretório municipal do PSDB, cumprindo os
seus compromissos e respeitando a vontade manifesta da
militância e da base partidária,
vai levar à convenção municipal do PSDB o nome de Geraldo
Alckmin", anunciou Lobo.
Imediatamente o grupo capitaneado pelo secretário municipal de Esportes, Walter Feldman, e pelo vereador Gilberto
Natalini, que defendeu na reunião a desistência de Alckmin
em prol da reeleição de Kassab,
acusou Lobo aos gritos: "Arbitrário, arbitrário".
Kassab era vice de José Serra
até 2006, quando o tucano deixou a administração municipal
para vencer a eleição ao governo do Estado. O staff "serrista",
do qual Feldman faz parte, permanece na prefeitura e defende
a aliança com o DEM.
Alckmin chegou à sede do diretório, no centro de São Paulo,
logo após o anúncio de Lobo. "A
Executiva apresentou por unanimidade [a candidatura própria]. É preciso respeitar a
maioria", disse ele. Questionado sobre a divisão do partido,
contemporizou: "Na campanha
vai estar todo mundo junto".
O deputado federal Julio Semeghini, colaborador de Alckmin, sintetizou a sensação de
seu grupo: "Estou feliz, mas
preocupado. Amanhã é dia de
juntar os cacos".
À tarde, a bancada do PSDB
na Câmara Municipal havia
anunciado que pretende enfrentar Alckmin, no voto, na
convenção do partido.
Insultos
A reunião começou por volta
das 20h, e Feldman foi um dos
primeiros a discursar. "É muito
estranho que uma candidatura
comece assim. A única unidade
possível se dá em torno da desistência de Geraldo Alckmin",
afirmou ele, embaixo das vaias
e dos gritos de "vendido" dos
militantes que apóiam o ex-governador e que lotaram o espaço reservado à platéia na sede
do PSDB paulistano.
Ao final, foi oferecido um
churrasco "de comemoração".
Para o grupo pró-Kassab, foi
uma forma de atrair "claque".
O vereador Tião Farias rebateu: "Aliança com o DEM e com
o Quércia não dá. Walter [Feldman], o PSDB tem que ser a cabeça de qualquer coligação".
Kassab anunciou aliança
com o ex-governador Orestes
Quércia (PMDB), desafeto do
governador Mario Covas, morto em 2001 e de quem Farias
era um dos auxiliares mais próximos. O clima esquentou ainda mais e houve um princípio
de tumulto, só controlado após
a intervenção de Lobo.
"Nosso compromisso é com
São Paulo, com a população",
tentava justificar Feldman.
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